No caminho de Jesus, Humanidade e
Divindade se encontram e abraçam | 451 | 24.08.24
| João 1,45-51
A tradição cristã sempre viu em
Natanael a figura de Bartolomeu, cuja festa celebramos hoje, e que é um dos
discípulos e apóstolos de Jesus. A cena conta o final de uma corrente de encontros
e testemunhos que reúne em torno de Jesus o primeiro grupo de discípulos. A
notícia da novidade de Jesus corre como um fio de pólvora e incendeia a
imaginação utópica dos mais pobres.
É assim que Filipe procura Natanael
para lhe comunicar sua marcante experiência no encontro com Jesus. Ele fala em
nome da pequena comunidade, e suas palavras revelam que ainda não conhecem
Jesus em profundidade. Mas são movidos pelo desejo de entrar na vida de Jesus e
desvendar o mistério de sua pessoa. E esse desejo os leva a arriscar tudo pelo
tesouro de uma vida plena de sentido.
Filipe apresenta Jesus como “o filho
de José, de Nazaré”, em quem reconhece “Aquele de quem Moisés escreveu na lei,
e também os profetas”. A vila de Nazaré é uma região periférica da Palestina de
então, habitada por um povo mestiço, tanto do ponto de vista étnico como
religioso. Por isso, como judeu, Natanael não consegue conectar o Messias com
essa região. De Nazaré só pode vir coisa ruim.
Filipe convida Natanael a fazer a
experiência de conviver com Jesus, e ele se aproxima. Mas Jesus o havia visto e
fixado seu olhar nele bem antes, e elogiou sua autenticidade, inclusive na
atitude preconceituosa que compartilha como judeu. Natanael representa o resto
fiel do povo de Israel, que só consegue ver em Jesus um mestre ao estilo dos
fariseus e um messias nos moldes de rei.
Aqui temos a primeira declaração
solene de Jesus sobre si mesmo no evangelho segundo João: ele é o humano
(“Filho do Homem”) que possibilita a comunicação plena e permanente de Deus com
a humanidade. Ele se apresenta como presença de Deus no Ser humano, enquanto
que Natanael ainda separa Homem e Deus. Deus não se manifesta na realeza de
Davi, mas na plenitude humana.
Com
Natanael e os demais discípulos, somos convidados a fazer a experiência do
olhar de Jesus fixado amorosamente em nós e de caminhar com ele, aprendendo e
participando da sua vida. Dele e de quem nos apresenta ele, somos convidados a “ir
e ver”. Como ele, nunca mais esqueceremos o momento do encontro!
Meditação:
· Participe afetivamente da cena: do comunicado de
Filipe, da reação de Natanael, do encontro com Jesus
· Acolha uma a uma as palavras e comparações de
Jesus, e penetre no sentido profundo e espiritual que elas têm
· Aceite o olhar fixo e amoroso de Jesus, convidando
a fazer a passagem dos lugares comuns a uma experiência transformadora
· Se possível, leia o texto de Gn 28,10-17, que está
relacionado com as palavras de Jesus no final do texto
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