Jesus põe no centro aqueles que
relegamos às periferias | 440 | 13.08.24 | Mateus 18,1-14
Nos capítulos 18 a 20 do seu evangelho, Mateus nos
oferece diversas catequeses formativas dedicadas por Jesus aos seus discípulos,
a caminho para Jerusalém. Trata-se de orientações fundamentais para que a
comunidade cristã viva um estilo de vida alternativo e profético, testemunhando
assim a força transformadora do Evangelho na vida pessoal e nas relações
comunitárias, sociais e políticas.
A tentação do elitismo e do autoritarismo rondam a
comunidade dos discípulos de Jesus desde sempre, e o tempo que vivemos não nos
deixa dúvidas. A pergunta sobre quem é o maior no Reino de Deus o demonstra, e
a resposta de Jesus quer cortá-la pela raiz. Para ilustrar a virada radical que
a chegada do Reino provoca no coração das pessoas, na escala de valores e no
coração do mundo, Jesus toma a figura da criança como símbolo vivo e eloquente.
Aqui, a criança, tomada como símbolo e como exemplo,
não significa pureza e inocência, “virtudes” que a modernidade burguesa gosta
de enfatizar para esconder suas hipocrisias, mas para sua condição social de
fragilidade, insignificância e marginalidade. Para Jesus, as crianças são o
retrato perfeito da comunidade cristã, que nasceu para viver nas margens e
ensaiar uma vida alternativa ao judaísmo e ao império romano, assumindo sua
minoridade.
Esse estilo de vida vai contra a corrente, precisa
ser aprendido e exercitado tenazmente, pois é exigente. Como as crianças, os
discípulos de Jesus são preciosos aos seus olhos, são importantes por serem
pequenos, são tirados dos últimos lugares e recebem os primeiros. E as
autoridades cristãs tem o dever de protegê-los. Eles podem se perder, ou seja,
tornarem-se mais frágeis e vulneráveis ainda. O primeiro dever de um pastor é
cuidar de quem é fraco, ensinava o Pe. Berthier.
O Pai do céu não quer que nenhum deles se perca, e a comunidade deve
assumir esse cuidado em nome de Deus. Por sua vez, os discípulos devem confiar
totalmente na acolhida que o Pai suscita nas pessoas e povos aos quais forem
enviados. Não somos grandes ou importantes pela origem, pela riqueza, pela
educação, pela profissão, pela função social ou pelo poder que exercemos, mas
pelo batismo e porque somos filhos amados do Pai e portadores do tesouro do
Reino.
Meditação:
· Exercite sua imaginação e procure participar da
cena com todos os seus sentidos, para acolher o sentido integral do texto
· Você percebe as ambições e expectativas de
reconhecimento e precedência que às vezes se insinuam nos seus trabalhos?
· Como você se sente em relação à condição liminar
(margem, insignificância, despojamento) dos discípulos de Jesus?
· Você tem conseguido se exercitar na confiança no
cuidado do Pai e na hospitalidade na sua prática comunitária e pastoral?
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