O pão vivo e que dá vida é fruto de
mudanças pessoais e sociais profundas | 431 | 03.08.24 | João 6,24-35
Confusos, os
discípulos haviam deixado Jesus sozinho, abandonado o povo carente e sofrido.
Dando-se conta de que Jesus e os discípulos haviam partido, este mesmo povo não
se conforma, consegue vaga em outros barcos e vai procurar Jesus do outro lado
do lago. Jesus é para eles a uma última tábua de salvação, aquele que pode
assegurar a eles o humano direito à alimentação.
A atitude de Jesus diante da multidão que
o procura parece, ao menos inicialmente, rude e desconcertante. “Vocês estão me
procurando, não porque viram os sinais,
mas porque comeram os pães e ficaram satisfeitos...” Sua discordância com as
motivações que moviam o povo é mais do que clara. Será que a compaixão de Jesus
diante de um povo cansado e abatido se havia esgotada?
O que Jesus faz com esta dura pergunta
é chamar a atenção para algo mais fundamental que a simples ação de matar a
fome de um dia: ele pede o empenho de todos nós numa prática alternativa, a
única capaz de garantir para todos um pão que não se corrompe, que não é
transitório e precário. Jesus aponta para o projeto do Reino de Deus, centrado
na partilha, e não na esmola.
Jesus exorta: “Não trabalhem pelo
alimento que se estraga; trabalhem pelo alimento que dura para a vida
eterna...” Ele não veio distribuir o duro e amargo pão das sopas populares, mas
aquele pão fermentado e multiplicado pela Justiça e pela Solidariedade, obra
coletiva do povo organizado e seus parceiros. E confia esta obra de Deus aos
seus discípulos e discípulas.
Fazer a obra de
Deus significa acreditar naquele que achou bem não enviar alguém sabido e
poderoso, mas uma pessoa vulnerável, incapaz de oferecer pacotes de soluções,
mas profundamente humano e capaz de colocar sinais e metas de mudança. O pão
que não se estraga e dura para sempre é o dom da própria vida. E essa é a obra
que glorifica a Deus. Jesus não está preocupado apenas distribuir pão para
matar a fome. O sinal que ele oferece é a cooperação e a articulação dos dons e
possibilidades que estão escondidas no próprio povo. Este é o fermento do pão
que não se estraga.
Meditação:
·
Leia
atentamente esse relato, começando pela cena da distribuição dos pães e peixes
(6,1ss) e perceba o papel de cada personagem
·
O que
está movendo a nós, nossas comunidades e o povo em geral a buscar Jesus Cristo
e fazer parte da sua Igreja?
·
Como
podemos fazer hoje “a obra de Deus”, dar continuidade à ação libertadora e
transformadora de Deus iniciada por Jesus?
·
Qual
poderia ser o significado atual da afirmação de Jesus, de que ele é o pão que
desce (no presente) do céu para nos alimentar?
·
Em que
sentido sua fé e adesão a Jesus Cristo e seu Evangelho está saciando sua fome
de vida?
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