sábado, 3 de agosto de 2024

O pão vivo e que dá vida é fruto de mudanças

O pão vivo e que dá vida é fruto de mudanças pessoais e sociais profundas | 431 | 03.08.24 | João 6,24-35

Confusos, os discípulos haviam deixado Jesus sozinho, abandonado o povo carente e sofrido. Dando-se conta de que Jesus e os discípulos haviam partido, este mesmo povo não se conforma, consegue vaga em outros barcos e vai procurar Jesus do outro lado do lago. Jesus é para eles a uma última tábua de salvação, aquele que pode assegurar a eles o humano direito à alimentação.

A atitude de Jesus diante da multidão que o procura parece, ao menos inicialmente, rude e desconcertante. “Vocês estão me procurando, não porque viram os sinais, mas porque comeram os pães e ficaram satisfeitos...” Sua discordância com as motivações que moviam o povo é mais do que clara. Será que a compaixão de Jesus diante de um povo cansado e abatido se havia esgotada?

O que Jesus faz com esta dura pergunta é chamar a atenção para algo mais fundamental que a simples ação de matar a fome de um dia: ele pede o empenho de todos nós numa prática alternativa, a única capaz de garantir para todos um pão que não se corrompe, que não é transitório e precário. Jesus aponta para o projeto do Reino de Deus, centrado na partilha, e não na esmola.

Jesus exorta: “Não trabalhem pelo alimento que se estraga; trabalhem pelo alimento que dura para a vida eterna...” Ele não veio distribuir o duro e amargo pão das sopas populares, mas aquele pão fermentado e multiplicado pela Justiça e pela Solidariedade, obra coletiva do povo organizado e seus parceiros. E confia esta obra de Deus aos seus discípulos e discípulas.

Fazer a obra de Deus significa acreditar naquele que achou bem não enviar alguém sabido e poderoso, mas uma pessoa vulnerável, incapaz de oferecer pacotes de soluções, mas profundamente humano e capaz de colocar sinais e metas de mudança. O pão que não se estraga e dura para sempre é o dom da própria vida. E essa é a obra que glorifica a Deus. Jesus não está preocupado apenas distribuir pão para matar a fome. O sinal que ele oferece é a cooperação e a articulação dos dons e possibilidades que estão escondidas no próprio povo. Este é o fermento do pão que não se estraga.

 

Meditação:

·        Leia atentamente esse relato, começando pela cena da distribuição dos pães e peixes (6,1ss) e perceba o papel de cada personagem

·        O que está movendo a nós, nossas comunidades e o povo em geral a buscar Jesus Cristo e fazer parte da sua Igreja?

·        Como podemos fazer hoje “a obra de Deus”, dar continuidade à ação libertadora e transformadora de Deus iniciada por Jesus?

·        Qual poderia ser o significado atual da afirmação de Jesus, de que ele é o pão que desce (no presente) do céu para nos alimentar?

·        Em que sentido sua fé e adesão a Jesus Cristo e seu Evangelho está saciando sua fome de vida?

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