Quem é livre não age por medo ou
ambição, mas para amar e servir | 439 | 12.08.24
| Mateus 17,22-27
Jesus já havia falado longamente aos seus
discípulos sobre o “seu destino”, ou sobre o desfecho do seu caminho: a
rejeição, a perseguição, a condenação e a eliminação, como se ele fosse uma
pedra incômoda e dispensável na construção do mundo. Por isso, no texto de hoje
ele fala disso em poucas palavras, alertando de novo seus discípulos em relação
à expectativa de sucesso.
O sentimento de tristeza dos discípulos não é
apenas causado pelos previsíveis sofrimentos de Jesus, mas também (ou até
principalmente) pela frustração das próprias expectativas de sucesso e de
prosperidade que eles alimentavam seguindo Jesus. Não entrava na cabeça deles a
ideia de um enviado de Deus que não mostrasse poder e não fosse consagrado pelo
sucesso e pela fama.
É nesse contexto que, questionados pelos
funcionários do templo se Jesus não pagava os impostos, os discípulos se
apressaram em blindar o mestre, afirmando que ele cumpria direitinho suas
obrigações com o império injusto. Percebendo o que eles haviam dito, mais por
medo que que tinham que por amor à verdade, Jesus esclarece sua posição e
convida seus seguidores a uma reflexão lúcida e ponderada.
Tanto Jesus como os cristãos somos radicalmente
livres de todo tipo de imposição, inclusive das mais dissimuladas e potentes,
que são aquelas que vem de dentro de nós mesmos e da cultura que herdamos. No
templo e no mundo, somos filhos, e não estranhos, herdeiros e não escravos.
Jesus e seus seguidores não devemos nada a ninguém, a não ser o amor.
Entretanto, essa liberdade não significa licença
para fazer o que quisermos, mas aquilo que é bom, que faz bem aos outros. Essa
é a liberdade mais difícil de exercitar! Por isso, mesmo sendo livres frente a
tudo, evitamos aquilo que pode escandalizar ou prejudicar os outros. É isso que
Jesus ilustra com sua sugestão de pagar o imposto com a ajuda do peixe que ele
pede para pescar.
Somos livres para amar e servir, para fazer da
nossa vida um dom cotidiano e generoso pelos outros, especialmente pelas
pessoas mais penalizadas e indefesas. Como nossa vida está segura nas mãos do
Pai, não tememos a morte, qualquer que seja sua forma, e semeamos livros mais
que armas.
Meditação:
· Reconstrua na imaginação a cena, observando
atentamente as palavras e perguntas de Jesus, assim como a “média” que Pedro
pretende fazer com os funcionários do templo
· Perceba também a tristeza dos discípulos de
Jesus diante de mais um anúncio do caminho da rejeição e da perseguição, que é
o caminho de Jesus mas também o caminho de quem o segue
· Você se sente realmente libertado por Jesus,
livre inclusive da necessidade de ser o/a primeiro/a e sempre levar vantagem?
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