Nada pode vir antes, ser colocado acima
ou no lugar da misericórdia | 454 | 27.08.24
| Mateus 23,23-26
Estamos acompanhando a atuação de
Jesus em Jerusalém, onde ele se confronta com o templo e é atacado pelos
sacerdotes, mestres da lei e fariseus. Jesus faz uma série de críticas aos
fariseus e escribas, que começa no versículo 1 do capítulo 23: eles não fazem o
que ensinam e, além disso, impõem pesados fardos ao povo, estão atrás de
reconhecimento e notoriedade.
O texto de hoje faz parte de uma
série de sete “maldições” ou críticas que Jesus dirige a eles por excluírem o povo
do Reino de Deus, por fazerem dos convertidos cidadãos e crentes piores que
eles mesmos, por serem guias cegos e por falsificarem a Palavra de Deus em
benefício de seus interesses. No pequeno texto de hoje temos a quarta, a quinta
e a sexta maldições ou críticas de Jesus a eles.
Na quarta maldição, Jesus acusa os
escribas e fariseus de praticar e ensinar uma visão parcial da vontade de Deus,
pois eles fazem e ensinam muitas pequenas coisas, mas ignoram a justiça e a
misericórdia, que estão no centro do coração de Deus. Assim, eles não são como
cegos que se oferecem para guiar outros cegos. Dão importância aos detalhes e
fazem menos caso da compaixão.
A quinta e a sexta maldição acusam
esses líderes de incoerência e hipocrisia, pois vivem de aparências e disfarçam
a ambição, o roubo e a violência que se escondem dentro deles que movem tudo o
que fazem. Roubo significa pilhagem violenta, e cobiça é descontrole na posse,
no sexo e nas acusações injustas. Segundo Jesus, o centro da vida dos fariseus
e doutores da lei está nas coisas e não nas pessoas.
A dura crítica de Jesus é
originalmente dirigida aos fariseus e mestres da lei, mas, muitos anos depois, quando
Mateus escreve o evangelho, está pensando nos discípulos e discípulas de Jesus.
É uma crítica recordada e atualizada “para o consumo interno” da comunidade,
visando a conversão e a coerência de vida dos discípulos do final do primeiro
século e de hoje.
Na
condição de discípulos missionários, precisamos estar sempre atentos ao risco
da incoerência e da hipocrisia, pois elas não são privilégio dos fariseus. Ou
será que às vezes, por trás de palavras formais e gentis, não se esconde um
arrogante desprezo? E será que tantas picuinhas e regras que apregoamos não
matam a compaixão?
Meditação:
·
Procure
entender os detalhes de cada acusação e cada uma das maldições ou lamentos que
Jesus dirige aos fariseus
·
Procure
ler ao contrário: o que Jesus e o Reino de Deus pedem ou esperam daqueles que
seguem este caminho
·
Seguindo
o que fala Jesus, você seria capaz de identificar as principais incoerências e
contradições dos líderes cristãos e políticos de hoje?
·
Você
seria capaz de identificar e dar nome às contradições e incoerências que rondam
você, sua família e sua comunidade em relação ao Evangelho de Jesus?
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