segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Nada pode vir antes da misericórdia

Nada pode vir antes, ser colocado acima ou no lugar da misericórdia | 454 | 27.08.24 | Mateus 23,23-26

Estamos acompanhando a atuação de Jesus em Jerusalém, onde ele se confronta com o templo e é atacado pelos sacerdotes, mestres da lei e fariseus. Jesus faz uma série de críticas aos fariseus e escribas, que começa no versículo 1 do capítulo 23: eles não fazem o que ensinam e, além disso, impõem pesados fardos ao povo, estão atrás de reconhecimento e notoriedade.

O texto de hoje faz parte de uma série de sete “maldições” ou críticas que Jesus dirige a eles por excluírem o povo do Reino de Deus, por fazerem dos convertidos cidadãos e crentes piores que eles mesmos, por serem guias cegos e por falsificarem a Palavra de Deus em benefício de seus interesses. No pequeno texto de hoje temos a quarta, a quinta e a sexta maldições ou críticas de Jesus a eles.

Na quarta maldição, Jesus acusa os escribas e fariseus de praticar e ensinar uma visão parcial da vontade de Deus, pois eles fazem e ensinam muitas pequenas coisas, mas ignoram a justiça e a misericórdia, que estão no centro do coração de Deus. Assim, eles não são como cegos que se oferecem para guiar outros cegos. Dão importância aos detalhes e fazem menos caso da compaixão.

A quinta e a sexta maldição acusam esses líderes de incoerência e hipocrisia, pois vivem de aparências e disfarçam a ambição, o roubo e a violência que se escondem dentro deles que movem tudo o que fazem. Roubo significa pilhagem violenta, e cobiça é descontrole na posse, no sexo e nas acusações injustas. Segundo Jesus, o centro da vida dos fariseus e doutores da lei está nas coisas e não nas pessoas.

A dura crítica de Jesus é originalmente dirigida aos fariseus e mestres da lei, mas, muitos anos depois, quando Mateus escreve o evangelho, está pensando nos discípulos e discípulas de Jesus. É uma crítica recordada e atualizada “para o consumo interno” da comunidade, visando a conversão e a coerência de vida dos discípulos do final do primeiro século e de hoje.

Na condição de discípulos missionários, precisamos estar sempre atentos ao risco da incoerência e da hipocrisia, pois elas não são privilégio dos fariseus. Ou será que às vezes, por trás de palavras formais e gentis, não se esconde um arrogante desprezo? E será que tantas picuinhas e regras que apregoamos não matam a compaixão?

 

Meditação:

·        Procure entender os detalhes de cada acusação e cada uma das maldições ou lamentos que Jesus dirige aos fariseus

·        Procure ler ao contrário: o que Jesus e o Reino de Deus pedem ou esperam daqueles que seguem este caminho

·        Seguindo o que fala Jesus, você seria capaz de identificar as principais incoerências e contradições dos líderes cristãos e políticos de hoje?

·        Você seria capaz de identificar e dar nome às contradições e incoerências que rondam você, sua família e sua comunidade em relação ao Evangelho de Jesus?

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