Cremos de
fato que quem não está contra nós está a nosso favor? | 487 | 29.09.2024 | Marcos
9,38-48
O trecho do
evangelho de hoje aborda a questão da inveja e da competição, atitudes que
estão na raiz do sectarismo. É paradoxal que os mesmos discípulos que resistem
em seguir Jesus pelas vias da compaixão e não conseguem expulsar um espírito
mau que amordaça um jovem (cf. Mc 9,14-29) queiram proibir que outros o façam.
Parece que eles querem manter o monopólio do exorcismo, e desejam que todos
sigam a eles, os “discípulos oficiais”, e não o próprio Jesus.
A resposta de Jesus é um contundente
chamado à abertura e à colaboração ecumênica: “Não lhe proíbam, pois ninguém
faz um milagre em meu nome e depois pode falar mal de mim. Quem não está contra
nós, está a nosso favor”. Quem tem um coração grande, um olhar abrangente e uma
fé confiante não pode imaginar-se cercado de concorrentes por todos os lados.
Só uma mente imatura pode se mostrar incapaz de reconhecer o bem que outros
fazem e alimentar o desejo de que todos peçam sua aprovação para tomar qualquer
iniciativa.
Por que esta incapacidade que muitos
temos de respeitar, valorizar e cooperar com as demais Igrejas cristãs? Será
que aquilo que temos em comum não é mais importante que as picuinhas que nos
diferenciam? Se elas estão a favor do Evangelho e de Jesus Cristo, poderiam
estar contra nós? Projetos que nascem sem as bênçãos eclesiásticas podem trazer
a marca do Espírito de Deus e realizar um grande bem à humanidade. Há 60 anos o
Vaticano II nos ensina que o Espírito de Deus dirige a história e é a fonte dos
humanos anseios de solidariedade.
Jesus enfrenta
corajosamente este e outros problemas, vividos pelas comunidades cristãs de
ontem e de hoje. Sob a pressão da perseguição, alguns cristãos abandonavam o
Evangelho, o que era uma pedra de tropeço que afastava muitos outros
‘pequeninos’. O corpo eclesial tem membros que escandalizavam os outros. E a
proposta de Jesus é vigilância e firmeza. É melhor ser uma comunidade pequena e
coerente que uma multidão, cheia de contradições. A comunidade eclesial não
pode limitar ou perder sua missão de ser sal, de fazer a diferença. As traições
e incoerências precisam ser evitadas, cortadas e queimadas.
Meditação:
·
Retome, com toda a atenção possível, este ensino de
Jesus, especialmente a insistência em não ser pedra de tropeço para os pequenos
·
Será que nós também não ficamos irritados com o bem
que gente sem religião ou de outra Igreja faz pelas pessoas?
·
Quais são as “pedras de tropeço” ou incoerências
nossas que tornam ainda mais difícil e vida e a luta dos pobres e humildes?
·
O que você acha das imagens fortes (arrancar o
olho, cortar o pé, cortar a mão, amarrar uma pedra no pescoço) que Jesus usa
para sublinhar a gravidade dos projetos e ações que dificultam a vida dos
pequenos?
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