sábado, 28 de setembro de 2024

Cremos de fato que quem não está contra nós está a nosso favor?

Cremos de fato que quem não está contra nós está a nosso favor? | 487 | 29.09.2024 | Marcos 9,38-48

O trecho do evangelho de hoje aborda a questão da inveja e da competição, atitudes que estão na raiz do sectarismo. É paradoxal que os mesmos discípulos que resistem em seguir Jesus pelas vias da compaixão e não conseguem expulsar um espírito mau que amordaça um jovem (cf. Mc 9,14-29) queiram proibir que outros o façam. Parece que eles querem manter o monopólio do exorcismo, e desejam que todos sigam a eles, os “discípulos oficiais”, e não o próprio Jesus.

A resposta de Jesus é um contundente chamado à abertura e à colaboração ecumênica: “Não lhe proíbam, pois ninguém faz um milagre em meu nome e depois pode falar mal de mim. Quem não está contra nós, está a nosso favor”. Quem tem um coração grande, um olhar abrangente e uma fé confiante não pode imaginar-se cercado de concorrentes por todos os lados. Só uma mente imatura pode se mostrar incapaz de reconhecer o bem que outros fazem e alimentar o desejo de que todos peçam sua aprovação para tomar qualquer iniciativa.

Por que esta incapacidade que muitos temos de respeitar, valorizar e cooperar com as demais Igrejas cristãs? Será que aquilo que temos em comum não é mais importante que as picuinhas que nos diferenciam? Se elas estão a favor do Evangelho e de Jesus Cristo, poderiam estar contra nós? Projetos que nascem sem as bênçãos eclesiásticas podem trazer a marca do Espírito de Deus e realizar um grande bem à humanidade. Há 60 anos o Vaticano II nos ensina que o Espírito de Deus dirige a história e é a fonte dos humanos anseios de solidariedade.

Jesus enfrenta corajosamente este e outros problemas, vividos pelas comunidades cristãs de ontem e de hoje. Sob a pressão da perseguição, alguns cristãos abandonavam o Evangelho, o que era uma pedra de tropeço que afastava muitos outros ‘pequeninos’. O corpo eclesial tem membros que escandalizavam os outros. E a proposta de Jesus é vigilância e firmeza. É melhor ser uma comunidade pequena e coerente que uma multidão, cheia de contradições. A comunidade eclesial não pode limitar ou perder sua missão de ser sal, de fazer a diferença. As traições e incoerências precisam ser evitadas, cortadas e queimadas.

 

Meditação:

·        Retome, com toda a atenção possível, este ensino de Jesus, especialmente a insistência em não ser pedra de tropeço para os pequenos

·        Será que nós também não ficamos irritados com o bem que gente sem religião ou de outra Igreja faz pelas pessoas?

·        Quais são as “pedras de tropeço” ou incoerências nossas que tornam ainda mais difícil e vida e a luta dos pobres e humildes?

·        O que você acha das imagens fortes (arrancar o olho, cortar o pé, cortar a mão, amarrar uma pedra no pescoço) que Jesus usa para sublinhar a gravidade dos projetos e ações que dificultam a vida dos pequenos?

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