Mateus é
acolhido por Jesus, e se torna seu discípulo e apóstolo | 479 | 21.09.2024 | Mateus
9,9-13
Na cena que antecede a de hoje, depois de curar uma
pessoa paralítica, que contou com o auxílio de pessoas amigas, Jesus não
reivindica para si mesmo os créditos do perdão e da cura. Ele passa do perdão –
ação interior, cujos frutos não são visíveis – à cura, que é o lado visível da
mesma ação. Diante do que viu, o povo ficou com medo e glorificou a Deus por
ter dado tal poder a Jesus e aos seus discípulos.
Na cena de hoje, escolhida para iluminar a festa de
São Mateus, Jesus se encontra com Levi, ou Mateus, que era cobrador de impostos
e colaborador do império romano e, por isso, era também considerado pecador,
execrado e banido da convivência social e religiosa pelos judeus. Mas Jesus não
se orienta por preconceitos que excluem, pelas aparências. Partindo da base e
da periferia social, Jesus chama as pessoas de boa vontade para, com elas,
iniciar uma comunidade alternativa.
Mateus responde prontamente ao chamado de Jesus,
abandona o malvisto e rentável ofício que desempenha e entra no seu caminho.
Como não exclui ninguém da mesa do Reino, desde que a pessoa entre no dinamismo
do Reino de Deus, Jesus se confraterniza com Levi, seus colegas e muitas outras
pessoas tratadas pelo judaísmo como pecadoras. Pecador é o termo que costumamos
usar para designar e identificar quem desaprova e não vive de acordo com as
normas de um grupo.
Esta prática inclusiva e inovadora de Jesus
desestabiliza a ordem social, religiosa e política do judaísmo, e é criticada
pelos fariseus e mestres da lei. Essa manifestação da misericórdia de Deus é
por eles vista como estando em desconformidade com a vontade de Deus. A
condescendência e a justiça de Deus, assim como é entendida e praticada por
Jesus, deslegitima as práticas excludentes do judaísmo e seus representantes,
particularmente, os fariseus e saduceus.
Mateus
tomará parte desta comunidade, compartilhará com elas seus recursos,
estabelecerá relações estáveis de acolhida e inclusão, e passará a ser visto
como modelo de discípulo e apóstolo. Ele entendeu que Deus quer misericórdia, e
não o legalismo que sacrifica os mais fracos, que Jesus veio para quem está necessitado,
e não para quem se considera perfeito e justo. Além de discípulo, Mateus será
um dos doze apóstolos, e escreverá sua versão do Evangelho de Jesus.
Meditação:
· Neste
dia da festa de São Mateus, retome esta cena que mostra ele trabalhando, sendo chamado
por Jesus, deixando tudo e seguindo-o
· Participe
da cena, da alegria de Mateus e outros pecadores que se confraternizam com ele,
e observe a postura crítica dos fariseus
· Contemple
a vida de Jesus e, com Mateus, acolha e aprenda essa lição fundamental: Deus
quer misericórdia e não sacrifícios
· Como
nós e nossas igrejas acolhemos e praticamos esse princípio fundamental que
orienta toda a vida e a missão de Jesus?
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