sábado, 7 de setembro de 2024

Não sejamos surdos ao Evangelho da igualdade

Não sejamos surdos ao Evangelho da igualdade e da fraternidade! | 466 | 08.09.2024 | Marcos 7,31-37

Jesus está percorrendo caminhos que podem parecer estranhos. A região de Tiro, Sidônia e da Decápole era habitada por pagãos, gente desprezada. Com a presença de Jesus, brilham novas possibilidades de vida para a filha de uma mulher nascida na Fenícia e para um surdo-mudo sem nome. Não teria Jesus o que fazer entre os seus conterrâneos? Em sua peregrinação no santuário das dores humanas, Jesus sempre dá prioridade absoluta aos últimos da escala social, aos pobres e desprezados.

Há pessoas que desejam excluir da bíblia textos como a carta de São Tiago, que pede que, em nossas igrejas, não façamos distinção de pessoas em favor dos ricos e nobres. “Não foi Deus que escolheu os que são pobres aos olhos do mundo para torná-los ricos na fé e herdeiros do Reino que prometeu àqueles que o amam?” Este é um princípio fundamental e uma bela experiência dos primeiros cristãos: a fé em Jesus não admite distinções entre pessoas em benefício dos mais fortes ou daqueles que são sem mais considerados nobres.

Acolhendo um pagão doente e tocando seus ouvidos e sua língua, Jesus despreza as prescrições religiosas e sanitárias do seu tempo. Ele rompe a distância, toca o doente, o contágio é revertido e o surdo-mudo é curado. Mas Jesus faz questão de não agir sob os refletores. Faz o contrário de muitos que hoje transformam a fé em espetáculo e inventam curas ao vivo e a cores, escarnecendo dos doentes, manipulando a fé do povo humilde e extorquindo deles os poucos recursos que lhes restam. Por isso, a multidão ficou entusiasmada diante da compaixão de Jesus.

Estamos como aquele homem que falava com dificuldade. Nossos ouvidos parecem surdos às Palavras que escapam da nossa lógica e questionam nossos interesses. Nossa língua parece presa, especialmente quando se trata de defender os direitos humanos e recriar o Evangelho da liberdade e da solidariedade. Um nacionalismo anacrônico e nada evangélico, ao lado de uma mentalidade escravagista, ativados especialmente na semana da pátria, nos induz a imaginar perigosamente que ser humano significa ser superior e melhor que outros. Precisamos que Jesus Cristo toque nossos ouvidos, coloque sua saliva em nossa língua, converta a nossa mente e libere a nossa comunicação e nossa ação.

 

Meditação:

§  Releia o texto, contemplando atentamente os gestos dos pagãos e de Jesus, mas também o que diz Jesus e o que dizem os pagãos

§  Você acha que as pessoas e grupos excluídos tem o espaço que lhes é devido na Igreja e na sociedade?

§  Será que muitos cristãos e comunidades sentem-se mais à vontade reproduzindo ideologias que separam que aderindo à escandalosa e provocadora liberdade inclusiva de Jesus?

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