Não sejamos surdos ao Evangelho da igualdade e da fraternidade! | 466 | 08.09.2024 | Marcos
7,31-37
Jesus está
percorrendo caminhos que podem parecer estranhos. A região de Tiro, Sidônia e
da Decápole era habitada por pagãos, gente desprezada. Com a presença de Jesus,
brilham novas possibilidades de vida para a filha de uma mulher nascida na
Fenícia e para um surdo-mudo sem nome. Não teria Jesus o que fazer entre os
seus conterrâneos? Em sua peregrinação no santuário das dores humanas, Jesus
sempre dá prioridade absoluta aos últimos
da escala social, aos pobres e desprezados.
Há pessoas que desejam excluir da bíblia
textos como a carta de São Tiago, que pede que, em nossas igrejas, não façamos
distinção de pessoas em favor dos ricos e nobres. “Não foi Deus que escolheu os
que são pobres aos olhos do mundo para torná-los ricos na fé e herdeiros do
Reino que prometeu àqueles que o amam?” Este é um princípio fundamental e uma
bela experiência dos primeiros cristãos: a fé em Jesus não admite distinções
entre pessoas em benefício dos mais fortes ou daqueles que são sem mais considerados
nobres.
Acolhendo um pagão doente e tocando seus
ouvidos e sua língua, Jesus despreza as prescrições religiosas e sanitárias do
seu tempo. Ele rompe a distância, toca o doente, o contágio é revertido e o
surdo-mudo é curado. Mas Jesus faz questão de não agir sob os refletores. Faz o
contrário de muitos que hoje transformam a fé em espetáculo e inventam curas ao
vivo e a cores, escarnecendo dos doentes, manipulando a fé do povo humilde e
extorquindo deles os poucos recursos que lhes restam. Por isso, a multidão
ficou entusiasmada diante da compaixão de Jesus.
Estamos como
aquele homem que falava com dificuldade. Nossos ouvidos parecem surdos às
Palavras que escapam da nossa lógica e questionam nossos interesses. Nossa
língua parece presa, especialmente quando se trata de defender os direitos
humanos e recriar o Evangelho da liberdade e da solidariedade. Um nacionalismo
anacrônico e nada evangélico, ao lado de uma mentalidade escravagista, ativados
especialmente na semana da pátria, nos induz a imaginar perigosamente que ser
humano significa ser superior e melhor que outros. Precisamos que Jesus Cristo
toque nossos ouvidos, coloque sua saliva em nossa língua, converta a nossa
mente e libere a nossa comunicação e nossa ação.
Meditação:
§ Releia o texto,
contemplando atentamente os gestos dos pagãos e de Jesus, mas também o que diz Jesus
e o que dizem os pagãos
§ Você acha que as pessoas e
grupos excluídos tem o espaço que lhes é devido na Igreja e na sociedade?
§ Será que muitos cristãos e
comunidades sentem-se mais à vontade reproduzindo ideologias que separam que
aderindo à escandalosa e provocadora liberdade inclusiva de Jesus?
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