domingo, 1 de setembro de 2024

No caminho de Jesus, a profecia e a acolhida não têm fronteiras

No caminho de Jesus, a profecia e a acolhida não têm fronteiras | 460 | 02.09;2024 | Lucas 4,16-30

Damos por concluída nossa escuta e meditação a partir do evangelho segundo Mateus, e iniciamos hoje, no início do mês que dedicamos à Palavra de Deus, o evangelho segundo Lucas. E o texto indicado para esta segunda-feira é exatamente o anúncio programático com o qual Jesus inicia e explicita sua missão pública em sua própria terra. Por isso, merece uma atenção redobrada.

O enfrentamento das tentações em pleno deserto havia possibilitado a Jesus uma espécie de treinamento na escuta da Palavra de Deus, e isso é confirmado na cena que nos ocupa hoje. Jesus entende e explicita sua identidade e missão, seu projeto de vida, recorrendo à palavra profética de Isaías, muito cara ao seu povo. Ele vai à sinagoga para ler a profecia de Isaías. E isso não é casual, mas costumeiro na vida de Jesus. Ele cultiva uma interessante familiaridade com a Palavra de Deus.

Na sua narração, Lucas nos apresenta a primeira ação de Jesus sob o impulso do Espírito que repousara sobre ele por ocasião do batismo e o conduzira no deserto, mas também a primeira rejeição e o primeiro atentado que se abate sobre ele. E isso porque Jesus não se subordina às expectativas e interesses do seu próprio povoado, nem da sua religião e da sua etnia. A Palavra de Deus é como espada que divide.

Com a ajuda do profeta Isaías, Jesus sublinha sua compreensão sobre a missão que Deus confiou a ele: realizar a misericórdia de Deus, e não sua vingança contra o povo. Os verbos do texto citado ilustram isso: anunciar e proclamar uma boa notícia, recuperar e libertar os oprimidos. Depois de ler o texto, Jesus faz um comentário breve, conciso e lapidar: hoje se cumpre isso que vocês acabam de ouvir.

Seus conterrâneos reagem inicialmente com entusiasmo, mas logo manifestam frustração, quando tomam conhecimento que o seu messianismo não é patriótico nem excludente, e quando constatam sua origem e seus vínculos. O entusiasmo se transforma em decepção, e a decepção se transforma em violência: Jesus é ameaçado e expulso da cidade pelos seus compatriotas.

Desde o início da sua missão Jesus deixa claro que a misericórdia de Deus desconhece fronteiras, não se rege pela meritocracia, nem depende de publicidade. Por isso, Jesus recorda dois episódios da história que seus ouvintes conhecem: Elias abençoou uma viúva estrangeira, e Eliseu deu prioridade a um leproso também estrangeiro.

 

Meditação:

·        Retome pacientemente o episódio narrado por Lucas, acompanhando tudo com os olhos da imaginação

·        Sua compreensão sobre o Evangelho do Reino de Deus é essa de Jesus: uma boa notícia libertadora para todas as vítimas?

·        Você já conseguiu superar a ideia de que o Evangelho é doutrina que premia quem merece, e protege apenas cristãos, católicos e brancos?

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