Fazer o bem e cuidar da vida não pode depender de vaga na agenda | 467 | 09.09.2024 | Lucas
6,6-11
Passada a semana da pátria, e enquanto ficamos
perplexos e sem reação diante do calor seco e sufocante e das intermináveis e
perigosas queimadas, a cena do evangelho de hoje apresenta-nos Jesus desafiando
as leis e instituições e colocando a pessoa e suas necessidades acima de tudo.
Acima das prioridades desse ou daquele governo, acima do teto ou do arcabouço
fiscal, acima dos sacramentos e das diversas normas e orientações da Igreja
está a pessoa humana concreta.
Jesus está na sinagoga, em dia de sábado: lugar
sagrado, dia sagrado, império absoluto da lei e das tradições. Mas nada disso
consegue reabilitar um anônimo homem que sofre com a mão seca. Com essa enfermidade,
ele está impedido de agir, de fazer algo bom. A sinagoga, os fariseus e as
tradições o ignoram, não podem ou não querem tomar conhecimento da sua
marginalização, nem reabilitá-lo. O legalismo, o formalismo e o patriotismo são
estéreis!
O homem, embora necessitado de ajuda, não pede
nada. É Jesus que toma a iniciativa, chama aquele homem vulnerável para o
centro da roda e interpela os líderes religiosos que o espreitam: “O que é
permitido fazer no sábado: o bem ou o mal, salvar uma vida ou deixar que se
perca?” Eles sabiam que a lei permitia agir em caso de necessidade, mas
preferiam calar e permanecer indiferentes. Para Jesus, ser omisso e indiferente
já significa fazer o mal!
A ação de Jesus, assim como sua pergunta, é
claramente provocatória. Ele não espera qualquer resposta, mas um exame de
consciência daqueles que o criticam e condenam. Curando o homem em dia de
sábado, Jesus desmonta a sustentação ideológica dos escribas e fariseus,
acusa-os de fazer o mal no dia sagrado e mostra a esterilidade das instituições
e causas que eles defendem. O que está acima de tudo é o cuidado, a defesa e a
promoção da vida, e não as tradições, o cuidado de si, a pátria ou as
veneráveis “tradições gaúchas”.
“A vida em primeiro lugar!”, e não a economia, o
teto fiscal, o equilíbrio das contas, a louca vontade de um misterioso mercado,
que é o nome que damos para encobrir os especuladores. Ser discípulo de Jesus,
significa agir como ele, fazer a sua vontade, ser responsável pelo seu Reino, fazer o bem sempre, o máximo bem possível.
Meditação:
§ Retome a cena,
inserindo-se nela, e observe atentamente o que dizem e o que fazem Jesus, os
fariseus e o homem doente
§ Você é capaz de perceber
como algumas instituições defendem mais as leis e seus interesses que a
dignidade das pessoas?
§ Você percebe que,
colocando a pessoa no centro, Jesus desvela a esterilidade do tradicionalismo,
do legalismo e do patriotismo?
§ Em que medida você ainda
defende, ao menos na prática, a prioridade das leis e costumes sobre as
necessidades das pessoas?
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