Jesus faz
parar os cortejos da morte e resgata a vida e a esperança | 475 | 17.09.2024 | Lucas 7,11-17
No episódio de
ontem, que antecede a cena de hoje, um oficial do exército romano recorre a
Jesus em benefício do seu filho, mesmo não se considerando digno de se dirigir
a ele. No episódio de hoje, é Jesus quem se aproxima de uma viúva que acaba de
perder seu único filho e, movido pela compaixão que pulsa no coração de Deus,
diz-lhe palavras de consolo e devolve-lhe o filho com vida.
A cena é comovente. Duas pequenas
multidões se encontram na porta de uma pequena cidade: uma multidão acompanha
Jesus, o dador e fonte da vida; outra, acompanha um jovem corpo sem vida e uma
viúva absolutamente desamparada. A viúva em prantos é a figura simbólica da
pessoa pobre e sem amparo. Sem marido e sem filho que possa cuidá-la e
administrar a pouca herança do marido, é como se fosse uma não cidadã, uma
pessoa invisível e sem direitos.
Diversamente do chefe do exército da
cena anterior, a pobre viúva não pede nada, pois não tem forças nem para isso.
É Jesus que toma a iniciativa e se aproxima dela e, mergulhando no seu
desespero, procura consolá-la. A exortação a não chorar poderia soar como
insulto se Jesus não tocasse no caixão e não pedisse que o cortejo da morte
pare. Com o gesto de tocar o caixão, Jesus derruba o muro imaginário que separa
o mundo dos vivos e o mundo dos mortos, os puros dos impuros.
Exercitando a força da sua Palavra,
aquela força libertadora que o centurião romano recém havia reconhecido, Jesus
ordena que o jovem morto se levante, se coloque de pé. A força da sua Palavra é
tal que o jovem não apenas se coloca de pé, mas também começa a falar,
retomando seu lugar e seu protagonismo nas relações sociais. E, uma vez que sua
vitalidade e seus vínculos foram suscitados de novo (ressuscitados), ele é
entregue à sua mãe para ser seu arrimo.
A reação das duas multidões é dupla:
elas foram tomadas de medo e glorificaram a Deus. Reconheceram no acontecimento
da revivificação do morto e no conforto da mãe a revelação do poder libertador
de Deus e a Jesus como grande profeta e dador de vida. Jesus é o próprio Deus
infinito que visita e liberta seu povo. Como Elias e Jeremias, Jesus é proclamado
como parte da comunidade dos profetas perseguidos. A admiração (ou medo) é a
reação diante da presença misteriosa de Deus, e o louvor é pelo bem que essa
presença traz à humanidade.
Meditação:
§
Leia
atentamente este texto denso e belo, prestando atenção aos personagens e aos
dois cortejos: o cortejo da morte, que sai da cidade; o cortejo da vida, que
entra na cidade com Jesus
§
Os traços
da imagem de Jesus que apresentamos em nossas pregações correspondem à que
aparece neste episódio?
§
Que
atenção damos as pessoas e grupos que batem à nossa porta e às portas das
Igrejas pedindo socorro para seus desesperos?
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