Nossa visão
de Jesus se mostra mais nas ações que nas palavras | 473 | 15.09.2024 | Marcos
8,27-35
Os discípulos
atravessam com Jesus a região de Cesaréia de Filipe, lugar simbólico da
submissão de Herodes ao imperador romano e da capitulação do judaísmo frente à
cultura grega. Não esqueçamos que nome da região é uma homenagem ao imperador
romano. Nesta travessia, Jesus os provoca a fazerem uma avaliação da sua
pessoa. “Quem dizem os homens que eu sou?”
Segundo os discípulos, as respostas
coincidem na visão de Jesus como profeta. Mas ele mesmo não se satisfaz com
respostas ouvidas e relatadas, e pede o que os próprios discípulos pensam sobre
ele, que lugar ocupa na vida deles. “E vós, quem dizeis que eu sou?” A pergunta
provoca um calafrio geral. Pedro arrisca uma resposta, em nome de todos: “Tu és
o Messias, o Cristo”. A resposta é formalmente correta, mas nela se esconde algo
de errado e perigoso, pois Jesus “proibiu severamente” que os discípulos
falassem isso adiante.
Ocorre que profissão de fé de Pedro
está enredada nas malhas do triunfalismo, numa imagem de Deus ligada ao poder e
à violência. Sua expectativa está longe de ser aquela de um messias pobre e
servidor, como Jesus não cansa de demonstrar. Em todos os casos, está claro que
esta resposta não dá conta da complexa identidade de Jesus, que é irmão, servo
e profeta, cordeiro de Deus, filho do homem, etc. Chegando em Jerusalém, no
momento em que Jesus é acusado e preso, Pedro revela quão limitada e distorcida
é sua visão de Jesus.
Jesus censura as fantasias de sucesso
e de poder e, ao mesmo tempo, fala abertamente que o Filho do Homem deve sofrer
muito, e enfrentar a rejeição e a morte. Ele substitui o título de “Messias” (e
ele não pensa no Jair!) por “Filho do Homem”, vinculando-se assim profundamente
à humanidade e suas aspirações. A ideia messiânica de Pedro é nacionalista e
exclusiva, enquanto que o caminho assumido por Jesus é universal e inclusivo.
Aceitar isso não
é coisa fácil. Marcos diz que Jesus reagiu olhando para os discípulos e
repreendendo Pedro, pois ele agia com mentalidade limitada e sectária. Quem
pensa e age assim é porta-voz do Satanás, rejeita a Palavra de Deus e se apega
às tradições humanas (cf. Mc 7,1-13). Por isso, Jesus diz: “Se alguém quer me
seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. Pois quem quiser salvar
sua a sua vida vai perdê-la; mas quem perde sua vida por causa de mim, vai
salvá-la”.
Meditação:
·
Retome cada palavra pergunta, cada resposta do povo e dos
discípulos, no clima de idiotice, subserviência e bajulação que vivemos
·
Que tipo de messias você segue e prega, quem é seu ídolo ou
“mito”, que ideal de vida você cultiva? Estão de acordo com o Evangelho de
Jesus?
·
Você vê em Jesus a imagem do “messias” que nos governa, e naqueles
que defendem a liberação das armas e a exclusão dos diferentes?
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