Para Jesus,
não há diferença entre homem e mulher, senhor e escravo | 478 | 20.09.2024 | Lucas 8,1-3
Os três versos do trecho do evangelho de hoje nos
apresentam Jesus anunciando a boa notícia do Reino de Deus, missão na qual é acompanhado
e auxiliado pelo “grupo dos doze” e por um bom número de mulheres libertadas de
um passado de dominação, medo e exclusão, beneficiadas pela misericórdia de
Deus em Jesus Cristo. Não se trata de pecadoras no sentido moral, mas de
pessoas que, por motivos diversos, eram tratadas como gente pouco importante,
de segunda categoria.
Que
Jesus tenha admitido mulheres como discípulas é algo bastante claro nos
evangelhos, mas também muito inusitado, e não apenas para a cultura daquele
tempo. Os pais escolhiam mestres e educadores para seus filhos, mas não para
suas filhas. Por mais importantes que pudessem ser na dimensão afetiva e na
educação dos filhos, as mulheres eram confinadas ao mundo doméstico. Nesse aspecto,
Jesus representa uma novidade e uma ruptura com os padrões judaicos. A novidade
do Reino de Deus gera relações de partilha, serviço e autonomia.
As
mulheres que acompanham Jesus, nomeadas pelas escrituras ou não, não são
explicitamente chamadas de discípulas, mas o são de fato. Elas “caminham atrás
de Jesus”, seguem seu caminho, e aparecem em nível de igualdade com o grupo dos
doze. As mulheres aparecem nos evangelhos como servidoras eficazes – como
diaconisas! – e são modelos daquilo que se espera de todo discípulo missionário
de Jesus e do Reino de Deus. O que poderíamos esperar mais que isso?
O
que congrega e caracteriza este grupo amplo e diversificado de pessoas que
seguem Jesus é a plena dedicação a ele, a disposição de deixar-se educar e
formar na sua “escola”, a dedicação ao anúncio da boa notícia do Reino de Deus
e o testemunho de abertura, acolhida, partilha e fraternidade. A novidade de
Jesus se mostra na comunidade que o segue, e esta é uma comunidade sem
fronteiras, que acolhe mulheres e outras tantas categorias de excluídos!
Que belo exemplo, e que provocação
contundente, Jesus faz às nossas igrejas, ainda tão masculinas e resistentes ao
pleno reconhecimento do jeito feminino de viver a missão! E isso deve ser dito
mais incisivamente a respeito da nossa velha e amada Igreja Católica Apostólica
Romana, que, nesse ponto, parece inamovível. As diferenças entre homem e mulher
não pode implicar em hierarquização e exclusão.
Meditação:
·
Você e
sua comunidade eclesial têm se esforçado para reconhecer a plena dignidade das
mulheres e não tem impedido que tenham lugar e importância como os homens?
·
Por que a
igreja católica ainda não consegue incluir plenamente as mulheres nos seus
ministérios e postos de direção e decisão?
·
O que
fazer para que a Igreja seja coerente com Jesus no tratamento inclusivo das
mulheres e outras categorias de pessoas menosprezadas ou excluídas?
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