quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Para Jesus, não há diferença entre homem e mulher, senhor e escravo

Para Jesus, não há diferença entre homem e mulher, senhor e escravo | 478 | 20.09.2024 | Lucas 8,1-3

Os três versos do trecho do evangelho de hoje nos apresentam Jesus anunciando a boa notícia do Reino de Deus, missão na qual é acompanhado e auxiliado pelo “grupo dos doze” e por um bom número de mulheres libertadas de um passado de dominação, medo e exclusão, beneficiadas pela misericórdia de Deus em Jesus Cristo. Não se trata de pecadoras no sentido moral, mas de pessoas que, por motivos diversos, eram tratadas como gente pouco importante, de segunda categoria.

Que Jesus tenha admitido mulheres como discípulas é algo bastante claro nos evangelhos, mas também muito inusitado, e não apenas para a cultura daquele tempo. Os pais escolhiam mestres e educadores para seus filhos, mas não para suas filhas. Por mais importantes que pudessem ser na dimensão afetiva e na educação dos filhos, as mulheres eram confinadas ao mundo doméstico. Nesse aspecto, Jesus representa uma novidade e uma ruptura com os padrões judaicos. A novidade do Reino de Deus gera relações de partilha, serviço e autonomia.

As mulheres que acompanham Jesus, nomeadas pelas escrituras ou não, não são explicitamente chamadas de discípulas, mas o são de fato. Elas “caminham atrás de Jesus”, seguem seu caminho, e aparecem em nível de igualdade com o grupo dos doze. As mulheres aparecem nos evangelhos como servidoras eficazes – como diaconisas! – e são modelos daquilo que se espera de todo discípulo missionário de Jesus e do Reino de Deus. O que poderíamos esperar mais que isso?

O que congrega e caracteriza este grupo amplo e diversificado de pessoas que seguem Jesus é a plena dedicação a ele, a disposição de deixar-se educar e formar na sua “escola”, a dedicação ao anúncio da boa notícia do Reino de Deus e o testemunho de abertura, acolhida, partilha e fraternidade. A novidade de Jesus se mostra na comunidade que o segue, e esta é uma comunidade sem fronteiras, que acolhe mulheres e outras tantas categorias de excluídos!

Que belo exemplo, e que provocação contundente, Jesus faz às nossas igrejas, ainda tão masculinas e resistentes ao pleno reconhecimento do jeito feminino de viver a missão! E isso deve ser dito mais incisivamente a respeito da nossa velha e amada Igreja Católica Apostólica Romana, que, nesse ponto, parece inamovível. As diferenças entre homem e mulher não pode implicar em hierarquização e exclusão.

 

Meditação:

·    Você e sua comunidade eclesial têm se esforçado para reconhecer a plena dignidade das mulheres e não tem impedido que tenham lugar e importância como os homens?

·    Por que a igreja católica ainda não consegue incluir plenamente as mulheres nos seus ministérios e postos de direção e decisão?

·    O que fazer para que a Igreja seja coerente com Jesus no tratamento inclusivo das mulheres e outras categorias de pessoas menosprezadas ou excluídas?

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