Somos a
família de Jesus mediante a prática do seu Evangelho | 481 | 23.09.2024 | Lucas 8,19-21
Como já percebemos, os três versículos de hoje
estão inseridos numa seção literária maior, na qual Jesus sublinha a
importância de ouvir corretamente seu Evangelho. Em outros textos, ele sublinha
que escutar a Palavra de Deus implica em guardá-la, praticá-la, fazê-la
frutificar na vida (cf. 6,46-49; 11,27-28).
Esta palavra de Deus compreende o conjunto do antigo testamento, assim
como a vida e o ensinamento de Jesus. Neste sentido, Maria já fora apresentada pelo
evangelista como a ouvinte e servidora exemplar da Palavra de Deus.
No breve texto de hoje, Lucas nos informa que Jesus está ensinando seus
discípulos e o povo, e que sua mãe e seus irmãos aproximam, mas não podem
chegar perto dele por causa da multidão. Podemos imaginar que também eles,
especialmente a mãe, querem ouvi-lo e aprender como acolher a novidade
revolucionária do Reino de Deus. Então, um mensageiro avisou Jesus da chegada
dos seus familiares.
“Tua mãe e teus irmãos estão aí fora e querem te ver”, diz o mensageiro
a Jesus. Sem ressentimento em relação a ninguém, e mostrando profundo apreço
àqueles que o escutam sequiosos, Jesus dá uma resposta um pouco estranha, com
aparência de desprezo à sua própria mãe. Ele afirma claramente que seus irmãos
e sua mãe são as pessoas que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática. É a
escuta e a prática do Evangelho do Reino que cria e sustenta a relação com ele.
Os discípulos são sua grande e nova família, e a escuta e a prática da
Palavra de Deus é o dinamismo que a congrega. Para Jesus, as exigências dessa
Palavra são claras: relacionamento fraterno e igualitário; perdão recíproco;
prioridade aos pequenos; superação dos estreitos laços de sangue, de nação e de
etnia. Não é possível ser discípulo e ignorar ou menosprezar estes imperativos.
Jesus não se deixa prender por laços de sangue, nem
cai na tentação de formar guetos ou seitas fechadas. Ele vem iniciar uma
relação profunda e total nas relações humanas, sociais, espirituais e
políticas, e nem as relações familiares ficam de fora. Também a família deve
entrar na lógica do reino de Deus. É claro que podemos imaginar, sem perder o
foco, que Maria e os parentes que a cercam se agregarão, pouco a pouco, ao círculo
daqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática”. Mas, não esqueçamos:
os laços de sangue não estão acima do vínculo de fé.
Meditação:
§ Retome
a breve cena oferecida por Lucas, procurando interagir com os personagens: a
mãe e os irmãos de Jesus; o mensageiro; a atitude e a palavra de Jesus; o olhar
atento e agradecido dos/as discípulos/as que o circundam
§ Como
você vive concretamente a relação entre os vínculos familiares e os vínculos
com Jesus e com a comunidade?
§ Como
está a escuta e a prática – sua, da sua família e da sua comunidade – da
Palavra de Deus, especialmente neste mês?
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