Amar apenas aqueles que nos amam tem pouco a ver com o ensino de Jesus | 470 | 12.09.2024 | Lucas 6,27-38
O Reino de Deus pede de nós, discípulos e
discípulas de Jesus, grandeza de coração. Precisamos espelhar-nos na
misericórdia do Pai, cujo rosto é o próprio Jesus, que ama incondicionalmente a
todos, inclusive as pessoas “ingratas” ou “más”. O amor que se nos pede é mais
que estratégia, oportunismo, boa educação ou boas maneiras. As exigências de
Jesus são altas, não é possível ser mesquinho.
Jesus é direto: “A vós que me escutais, eu digo...”
Ele fala conosco, que dedicamos um mês especial à Palavra de Deus. Ele fala de
modo manso, mas sublinha com ênfase, que as relações de amor recíproco são
insuficientes. O amor aos iguais, às pessoas bondosas e agradecidas, é pouco, e
não consegue se libertar das correntes do egoísmo de grupo e do paganismo. Deus
não nos trata assim! Ele age de acordo com o que precisamos, e não o que
merecemos!
No evangelho de hoje, Jesus fala de amor aos
inimigos, de compreensão com aqueles que nos odeiam, excluem, insultam e
amaldiçoam. Não são apenas aqueles que odiamos ou que nos odeiam, mas aqueles
que nos fizeram ou nos fazem mal, aqueles que a sociedade torna invisíveis e de
quem não queremos nos aproximar e que, quando os ignoramos, nos sentimos bem.
Jesus faz questão de exemplificar e deixar bem
claro o que significa amar os inimigos: fazer o bem a quem nos odeia; abençoar
os que nos amaldiçoam; rezar por aqueles que nos caluniam; oferecer a outra
face a quem nos bate; dar também a túnica a quem nos penhora o manto; emprestar
a quem pede; dar sem cobrar retribuição. Não é de hoje que surgem pessoas que pensam
que Jesus foi longe demais.
Mas Jesus não ensina a passividade, a submissão ou
a ingenuidade. O que ele pede é que sejamos como ele e como o Pai dele e nosso,
que “é bondoso também para com os ingratos e maus”. Ele espera que não sejamos
apenas reagentes, mas capazes de inovar, de tomar a iniciativa, de fazer aos
outros o que desejamos que nos façam.
A misericórdia é a profundidade e a generosidade de Deus, e também a
balança na qual nossa fé, nossa esperança e nossa caridade serão medidas. A
medida de Jesus e do Pai deve ser a nossa medida. É assim que brilhará em nosso
rosto e em tudo o que fazemos e somos o rosto do Pai e assim demonstraremos que
somos filhos do Pai.
Meditação:
·
Retome cada afirmação ou prescrição de Jesus, identificando quem
são os seus “inimigos” ou “adversários”
·
Você acha isso tudo praticável, exequível, ou impossível de levar
em conta em nossas relações?
·
Por onde você poderia começar, hoje, evitando querer fazer tudo de
uma vez e acabando por desanimar?
·
O que podemos fazer para ajudar nossas comunidades a levar a sério
a proposta de Jesus em tempos de intolerância?
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