Quem segue Jesus perdoa a ofensa recebida, e não senta na cadeira do
juiz | 471 | 13.09.2024 | Lucas 6,39-42
Um pouco antes desta cena, Jesus deixara claro que
a misericórdia do Pai, expressa concretamente na vida e ação de Jesus, é a
referência e o dinamismo que orienta e move a ação dos cristãos. Nossa condição
no mundo é a de aprendizes e discípulos, e não de juízes. Estamos na estrada, e
não sentados no tribunal. Somos irmãos e irmãs, e não magistrados. Não pode
haver crítica legítima sem autocrítica. É nosso amor aos mais vulneráveis que
nos julgará no entardecer da vida.
No trecho de hoje, Jesus não se dirige aos fariseus
ou doutores da lei, mas à comunidade de discípulos. Para preveni-los do risco
da crítica infundada e de assumirem a postura de superiores e juízes, Jesus
recorre a dois provérbios ou sentenças: a do cego que se oferece nesciamente
como guia; a do cisco no olho que impede de ver claramente a sujeira externa.
Não há lugar para a soberba e para tribunais penais no interior da comunidade
cristã.
A advertência de Jesus é clara: todos nós podemos
ser cegos e levar os outros a tropeçar e a cair; ninguém está em condições de
julgar ninguém; não podemos criticar ninguém se não exercitarmos a autocrítica
diante de Jesus e do seu Evangelho; em relação aos outros, somos irmãos, e não
juízes. Quando esquecemos isso, acabamos por manifestar nossa petulância e
hipocrisia, e mostrando que somos iguais aos criticáveis fariseus e doutores da
lei.
E a regra também é meridianamente clara: nossas
relações devem pautar-se pelas relações de Jesus, único mestre e guia capaz de
conduzir à vida e à verdade. Como discípulos do profeta de Nazaré, não somos
maiores nem podemos ser diferentes do mestre. “Todo discípulo bem formado será
como o mestre”. E Jesus não pautou sua vida pelo julgamento e pela condenação,
mas pelo amor que liberta e edifica. É claro que isso não elimina a profecia,
que nasce da paixão pela verdade.
Somente as pessoas que têm o olhar limpo e o
coração puro (consciência dos próprios limites) estão em condições de ajudar e
criticar os outros, e sempre como irmãos e irmãs. A misericórdia do Pai, que é
bondoso tanto para com os bons como para os ingratos e maus, será sempre a
nossa medida. Quem somos nós para colocarmo-nos acima dele? Quem teria
competência e legitimidade para corrigir o próprio filho de Deus, ele que não
foi enviado para julgar e condenar, mas para salvar?
Meditação:
· Retome cada palavra e cada
comparação ou figura usada por Jesus e tente perceber o que significam para
você
· Você percebe, em você
mesmo e na sua comunidade, sinais da tentação de ser como um cego que quer
guiar cegos, corrigir os outros sem fazer autocrítica?
· Como podemos conjugar a
renúncia a julgar e condenar os outros com o dever de agir e falar com coragem
profética diante das injustiças e mentiras que ferem nossos irmãos e irmãs?
3 comentários:
Belíssima mensagem para nos ajudar a clarear nossos olhos para nos ver o outro numa dinâmica de amor e ajuda mutua como irmãos.
Que Maravilha Mensagem Para Nós Ajudar
Linda mensagem e muitas verdades
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