Será que
realmente compreendemos o que significa a cruz de jesus? | 486 | 28.09.2024 | Lucas 9,43-45
Depois do diálogo formativo e revelador
de Jesus com seus discípulos (9,18-22), cena que é proposta para a festa de São
Miguel, Lucas descreve a cena da transfiguração de Jesus e relata a cura de uma
criança epilética (cf. 9,23-42), também este omitido porque é indicado para a
solenidade da transfiguração. Nos três versículos propostos pela liturgia para
hoje, Jesus volta a falar aos discípulos sobre seu destino como messias. É esta
a cena e a palavra que meditamos hoje.
Como já vimos anteriormente, quando o povo
manifesta um certo consenso sobre sua identidade profética, Jesus faz questão
de insistir no caminho da paixão na cruz, manifestando sua certeza nada ingênua
sobre seu futuro. Como os discípulos nada percebem e têm dificuldades de
entender, Jesus pede que eles “coloquem na cabeça” este seu anúncio. Ele está,
sim, na linha dos profetas, mas a sua profecia não é exatamente a mesma dos
seus antecessores.
Jesus quer estimular nos seus discípulos e
discípulas a coragem frente às hostilidades que ele e seus seguidores seguramente
enfrentariam, mas aqueles que o seguem mais de perto continuam obcecados e
iludidos com um messianismo político e poderoso, e não conseguem entender nem
aceitar o que Jesus lhes diz, especialmente as consequências. Não há seguimento
sem enfrentamento das dificuldades, não há fidelidade ao Evangelho sem
discernimento das exigências das circunstâncias!
Com esse anúncio, e com a sua insistência num
messianismo de compaixão e despojamento, Jesus quer “jogar um balde de água
fria” no fogo do entusiasmo popular e nas aspirações desencontradas e
descontroladas dos seus próprios discípulos. Ele baixa a ideia de um messias
glorioso para a um messias despojado, compassivo e contra a miséria. Os
discípulos e discípulas não entendem e têm medo de perguntar porque resistem a
este caminho escolhido por Jesus, que seria também o caminho deles. A
dificuldade deles não é intelectual, mas espiritual.
Não se trata apenas de uma dificuldade
para entender, mas de uma resistência para aceitar. Essa dificuldade é
claramente ressaltada por Lucas nestes versículos. A ambição de sucesso e de
prosperidade deixa seus discípulos cegos e acorrentados. Quando, ao se referir
a si mesmo, Jesus troca o substantivo “messias” por “filho do homem” não
pretende outra coisa que desfazer essa ilusão que alimentam sobre ele, e
preveni-los em relação ao que os esperaria no futuro. Será que nós, que
seguimos Jesus em pleno século XXI, assimilamos sua lição?
Meditação:
§ Retome
a cena e as orientações de Jesus no evangelho de hoje
§ Deixe-se
surpreender pelo encontro com Jesus e com seu ensino e sabedoria, abandonando
as expectativas de coisas grandes
§ Como
você acolhe o caminho de despojamento solidário em favor da humanidade que
Jesus viveu e nos propõe?
Nenhum comentário:
Postar um comentário