Jesus não pede gestos de piedade, mas abre novos horizontes de liberdade | 461 | 03.09.2024
| Lucas 4,31-37
Depois da estreia aparentemente malsucedida em
Nazaré, Jesus deixa sua terra natal e volta a Cafarnaum, onde já havia atuado e
causara forte impressão. Como pregador itinerante, ele prioriza o ensino aos
sábados, nas sinagogas, que são lugares de encontro do povo que vivia nas
aldeias e pequenas cidades. Na sinagoga ele crescera e aprendera, mas também
testemunhara a hipocrisia dos líderes religiosos.
As sinagogas são o lugar da Palavra, um espaço
controlado de modo quase absoluto pelos doutores da lei e pelos fariseus. E é
ali, em dia de sábado, que Jesus realiza o primeiro sinal, ou milagre, narrado
por Lucas. E é também ali, e por causa desse sinal, que Jesus começa a ser
hostilizado pelos líderes religiosos, e onde ressoa pela primeira vez a
pergunta: “Que palavra é essa? Quem é esse homem?”
O primeiro sinal miraculoso realizado por Jesus,
que faz parte do seu ministério de emancipação e libertação das pessoas
dominadas pelas forças que oprimem e escravizam, é a cura de uma pessoa
dominada por um “espírito impuro”. Trata-se de uma pessoa despersonalizada, de
alguém que perdeu sua identidade e é conduzida por poderes e forças
misteriosas, exteriores a si mesma.
A cena narrada por Lucas deixa transparecer uma
luta de mensagens ou uma disputa de espaços entre o Ungido pelo Espírito e os
Doutores da Lei. No grito do homem doente o que ressoa é a percepção e a voz
dos doutores da lei: “Viestes para nos destruir?” A reação do povo é a
admiração diante de uma palavra eficaz e libertadora, de uma palavra que tem
autoridade.
O Evangelho da misericórdia e da compaixão de Deus
cala a voz dos defensores de uma lei que discrimina e condena. Jesus não vem
insistir no cumprimento da lei e no pagamento das dívidas contraídas pelo
pecado, mas anunciar e inaugurar um tempo de graça e compaixão. E é isso que incomoda
a elite religiosa e impressiona e causa admiração e esperança no povo cansado e
abatido.
Grande notícia e
belo desafio para os discípulos missionários é este: experimentar, anunciar e
testemunhar a boa e alentadora notícia. A resposta de fé suscitada pelo
encontro com Jesus não se reduz ao culto e ao louvor, mas pede um engajamento
cotidiano na tarefa de libertar os irmãos e irmãs e fazer este mundo melhor.
Meditação:
§ Retome pacientemente o
episódio narrado por Lucas, acompanhando tudo com os olhos da imaginação
§ Sua compreensão sobre o
Evangelho do Reino é essa de Jesus: uma boa notícia libertadora para todos os
tipos de vítima?
§ Qual é o lugar e a força
de transformação que o Evangelho, a Boa Notícia de Jesus, tem na sua vida?
§ O que o Evangelho de Jesus
provoca em você: admiração e entusiasmo ou medo e inquietação?
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