terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Pães e peixes

A compaixão move montanhas resgata a vida

916 | 03 de dezembro de 2025 | Mateus 15,29-37

A espiritualidade do advento é a lente que devemos usar para ler e meditar os textos bíblicos deste tempo litúrgico. Ela ajusta nosso ouvido e nosso olhar para reconhecermos a “visita” de Deus em trajes humanos de pobreza, de simplicidade, de proximidade. E aguça nossa sensibilidade em relação ao sonho, à esperança, à generosidade. Em meio a mil solicitações do consumo e do comércio, precisamos manter o foco naquilo que é essencial.

No trecho que meditamos hoje, o evangelista nos apresenta Jesus em missão, antecipando a festa dos pequenos, a festa que celebra a preciosidade da vida dos pobres. Na montanha, lugar de reunião e de encontro, Jesus cura as pessoas machucadas pela sociedade e pela vida, e alimenta os famintos. Ali se concretiza a “filantropia” de Deus, sinalizada e antecipada no Natal de Jesus. Afinal, as cenas da gruta e do calvário se parecem, e ambas são atravessadas pela partilha.

Nesta cena, o evangelista nos mostra que a festa da vida, sonhada e esperada, não se realiza no templo, como apregoavam os sacerdotes, mas no encontro com Jesus. E os protagonistas não são as pessoas piedosas ou poderosas, mas aquelas que são jogadas nas margens da convivência social e do espaço religioso. Mas o objetivo de Jesus é ajustar nosso olhar para que sejamos capazes de ver as necessidades dos outros e ser compassivos.

De fato, o que move Jesus em seu falar e em seu agir é a compaixão. Esta não é um sentimento ocasional, mas uma força que coloca a dor e a vida dos outros acima e antes de tudo. É esta compaixão vivida por Jesus em todas as relações que atrai a ele as pessoas pobres e “estropiadas”. É esta compaixão que ele quer despertar em todos os seus discípulos e enviados, pois é ela que nos ajuda a encontrar soluções para os problemas. A erradicação da fome no mundo não depende de tecnologia, mas de uma decisão política movida pela compaixão.

O pão que alimenta a multidão é resultado da superação do egoísmo. Quem o possui, mesmo em pouca quantidade, cede a prioridade aos necessitados. O pouco com Deus é muito, e o muito sem Deus é nada. É esse o sentido mais profundo do Natal: Deus vê a angústia dos sofredores, assume suas dores e suscita soluções para suas dificuldades. Em princípio ele não chega trazendo nada, mas oferecendo a si mesmo, assumindo nossa condição e nossas fragilidades. Que a montanha do egoísmo seja rebaixada.

 

Sugestões para a meditação

§  Faça um esforço para recriar a cena, colocando-se entre os personagens, contracenando e dialogando com eles

§  Como repercute em você a declaração de Jesus “Tenho compaixão desse povo que não tem nada para comer”?

§  Participe das ações de Jesus e da alegria incontida e do louvor a Deus que brota da boca das pessoas curadas e alimentadas

§  O que isso tem a ver conosco, com a preparação e a celebração do Natal que se aproxima?

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