Os sinos dobram por ele.
Morreu em 1967 (8 de outubro), na
Bolívia, porque se enganou de hora e de lugar, de ritmo e de maneira?
Ou morreu nunca, em nenhum lugar, porque
não se enganou no que de verdade vale para todas as horas e lugares e ritmos e
maneiras?
Acreditava que é preciso defender-se das
armadilhas da cobiça, sem baixar jamais a guarda.
Quando era presidente do Banco Central de Cuba, assinava Che nas notas, para debochar do
dinheiro.
Por amor às pessoas, desprezava as
coisas.
Doente está o mundo, acreditava ele,
onde ter e ser significavam a mesma coisa.
Nunca guardou nada para si, nem pediu
nunca nada.
Viver é se dar, acreditava. E se deu.
(Eduardo Galeano, O século do vento,
L&PM, 2010, p. 268-269)
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