Pixinguinha
Em 1921 anunciaram que o conjunto Os
Batutas atuaria em Paris, e espalhou-se a indignação na imprensa
brasileira. “O que vão pensar do Brasil os europeus? Acharão que este país é
uma colônia africana?”
No repertório dos Batutas não havia árias de ópera, nem valsas, e sim maxixes,
lundus, corta-jacas, batuques, cateretês, modinhas e recém-nascidos sambas. Era
uma orquestra de negros que tocava coisas de negros.
Os artigos exortavam o governo a evitar
tamanho desprestígio. Imediatamente o Ministério
das Relações Exteriores esclareceu que Os
Batutas não iam em missão oficial nem oficiosa.
Pixinguinha, um dos negros do conjunto,
era o melhor músico do Brasil. Ele sabia disso, e o assunto não lhe
interessava. Estava muito ocupado, buscando em sua flauta, com endiabrada
alegria, os sons roubados dos pássaros.
(Eduardo Galeano, O século do vento, L&PM, 2010,
p. 87-88)
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