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Vinicius |
Vivendo Vinicius de
Moraes
A Embaixada do
Brasil no Vaticano promoveu em Roma ontem, dia de Nossa Senhora Aparecida, um
evento artístico em homenagem ao centenário do nascimento de Vinícius de
Moraes. A apresentação faz parte do projeto " Homenagem a Vinícius",
que pretende contar em um show de MPB o percurso de Vinicius por meio de suas
músicas e das diferentes parcerias feitas ao longo de sua vida. Participam do
projeto Miúcha e Georgiana de Moraes.
As comemorações começaram com uma missa solene,
celebrada na capela do Colégio Pio
Brasileiro, presidida pelo Cardeal Presidente da CNBB, Dom Damasceno de
Assis. Entre os mais de 400 participantes, a maioria padres e religiosos/as
brasileiros/as que vivem em Roma, estavam Dom Serafim Fernandes, arcebispo
emérito de Belo Horizonte e um dos 70 participantes do Concílio Vaticano II que
ainda vivem, os embaixadores do Brasil no Vaticano e e na Itália, o presidente
da FAO e vários embaixadores convidados.
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Miucha |
Seguiu-se o show, simplesmente maravilhoso. Miúcha
(filha de Sérgio Buarque de Holanda, irmã do Chico Burque e ex-companheira de
João Gilberto) e Georgiana de Moraes (filha do primeiro dos nove casamentos do
Vinicius de Moraes) interpretaram divinamente o amigo e pai, com direito à recitação
de alguns trechos de suas poesias. Fizeram parte do programa algumas das
composições e parcerias mais consagradas de Vinicius: A felicidade, Gente
humilde, Samba do Avião, Pela luz dos olhos teus, Eu sei que vou te amar, São
Francisco, Chega de saudade, Samba de Orly...
Depois do aplaudidíssimo concerto, a Embaixada do
Brasil no Vaticano ofereceu a todos os presentes um gostoso lanche. A verdade é
que, apesar da hora estar avançada e de o gênero musical (bossa nova) não ser
exatamente popular, depois de um espetáculo tão romântico e cordial, animado
pela simpatia e pela simplicidade das duas intérpretes, a fome havia quase
deaparecido.
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Georgiana |
Voltei pra casa recordando os brasileiros que, como
Chico Buarque, foram exilados por ousarem dar voz e musicalidade àquilo que os
ditadores e patrões não gostavam de ouvir. (Durante o exílio em Roma, Chico
Buarque vinha ao Pio Brasileiro para jogar futebol...) E veio-me à mente o
registro histórico-poético que o Eduardo Galeano faz a respeito do Chico.
“1974, Rio de Janeiro. Esta ditadura
machuca as pessoas e ofende a música. Chico Buarque, feito de musica e de
gente, canta contra o poder. De cada três canções, a censura proíbe ou mutila
duas. Dia sim e outro também, a polícia política o submete a longos
interrogatórios. Na entrada, revistam suas roupas. Na saída, Chico revista seus
interiores, para ver se a polícia não lhe meteu um censor na alma ou não
apreendeu sua alegria num momento de distração.” (O século do vento,
L&PM, Porto Alegre, 2010, p. 296).
Um comentário:
Lindissimo, parabéns pela clareza do texto em noite de música e poesia!
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