O CAMINHO ABERTO POR JESUS
Não são
poucos os cristãos praticantes que entendem sua fé apenas como uma obrigação. Há um
conjunto de crenças que se devem aceitar, mesmo que não conheçamos o seu
conteúdo ou não se saiba a importância que podem ter para a vida. Há também um
código de leis que se deve observar, mesmo que não se compreenda bem tanta
exigência de Deus. Finalmente, há umas práticas religiosas que se devem
cumprir, mesmo que de forma rotineira.
Esta forma de compreender e viver a fé gera uma espécie de cristão aborrecido, sem
desejo de Deus e sem criatividade ou paixão alguma para espalhar a sua fé.
Basta com cumprir. Esta religião não tem atrativo nenhum. Converte-se num peso
difícil de suportar. Produz alergia. Não estava errada Simone Weil quando
escreveu que «onde falta o desejo de encontrar-se com Deus, não há crentes, mas
sim pobres caricaturas de pessoas que se dirigem a Deus por medo ou interesse».
Nas primeiras comunidades cristãs,
vivia-se de forma diferente. A fé cristã não era entendida como um sistema
religioso: chamavam-na de «caminho», e a propunham como a forma mais acertada
de viver com sentido e esperança. Dizia-se
que era um caminho novo e vivo inaugurado por Jesus para nós, um caminho que se
percorre com os olhos fixos Nele (Hb 10,20; 12,2).
É muito
importante tomarmos consciência de que a fé é uma caminhada e não um sistema
religioso. E num percurso há de tudo: marcha
alegre e momentos de busca; provas que devem ser superadas e retrocessos;
decisões incontornáveis; dúvidas e interrogações. Tudo faz parte do caminho: também as dúvidas, que podem ser mais
estimulantes do que não poucas certezas e seguranças vividasde forma rotineira
e simplista.
Cada um/a
têm que fazer o seu próprio caminho. Cada um/a é responsável pela
«aventura» da sua vida. Cada um/a tem o seu próprio ritmo. Não há que forçar
nada. No caminho cristão há diversas
etapas. As pessoas podem viver momentos e situações diferentes. O importante é «caminhar», não parar,
escutar o chamado que a todos é feito: viver de uma forma mais digna e feliz.
Este é o melhor modo de «preparar o caminho do Senhor».
José Antonio Pagola
Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez
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