1° Encontro da Igreja
Católica na Amazônia: Compromissos
Os
enormes desafios apresentados nos relatos e testemunhos nos interpelam como
Igreja na Amazônia Legal a assumir compromissos pastorais que devem nortear a
caminhada de nossa Igreja no presente e no futuro:
Reafirmamos
nossa identidade de ser Igreja discípula da Palavra, testemunha do
dialogo, servidora e defensora da vida, irmã da criação, missionária e
ministerial, que assume a vida do povo, que se articula na paróquia
como rede de comunidades e nas comunidades eclesiais de base (cf. Conclusões de
Santarém: memória e compromisso, 2012, p. 19).
Causa-nos
uma profunda dor ver milhares de nossas comunidades excluídas da eucaristia
dominical. A maioria delas só tem a graça de celebrar o Memorial da Paixão,
Morte e Ressurreição do Senhor uma, duas ou três vezes ao ano. O Senhor, na
véspera de sua morte, não deu um bom conselho, mas um mandato explícito: “Fazei
isto em minha memória” (1 Cor 11,24; Lc 22,19). O Decreto “Presbyterorum
Ordinis” do Concílio Vaticano II declara que a Eucaristia é fonte e, ao mesmo
tempo, ápice de toda a Evangelização (cf. PO 5). “Nenhuma comunidade
cristã se edifica sem ter a sua raiz e o seu centro na celebração da santíssima
Eucaristia, a partir da qual, portanto, deve começar toda a educação do
espírito comunitário” (PO
6). Também a Constituição Dogmática “Lumen Gentium” fala da Eucaristia como
“fonte” e “ponto culminante de todas a vida cristã” (LG 11). Torna-se
urgentemente necessário criar estruturas em nossa Igreja para que os
70% de comunidades, que hoje estão excluídos da celebração eucarística
dominical, possam participar da “fração do pão” (At 1,42), do “sacramento da
piedade, sinal de unidade,
vínculo da caridade, banquete pascal” (SC 47).
A
cultura urbana transforma profundamente a compreensão do papel dos leigos e da
mulher na Igreja. Na sociedade civil, eles vivenciam processos de empoderamento
social quando se exercitam na construção de uma sociedade que preserve os
direitos sociais e coletivos. Práticas
e relações cotidianas exigem hoje, no interior das pastorais, modelos
eclesiais assentados em relações recíprocas, mais do que no complemento, no
diálogo horizontal em lugar de imposições verticais, na profunda experiência de
serviço em lugar das lutas pelo poder.
O
protagonismo dos leigos é insubstituível e imprescindível, na ação
transformadora da realidade em que vivem, marcada pela exclusão e pela
violência. O campo específico da missão dos leigos/as é o
das realidades em que vivem e trabalham. É o mundo da família, do trabalho, da
cultura, da política, do lazer, da arte, da comunicação, da universidade. É nos
diversos níveis e instituições, nos Conselhos de Direitos, em campanhas e
outras iniciativas que busquem efetivar a convivência pacífica, no
fortalecimento da sociedade civil e do controle social. É na formação de
pensadores e pessoas que estejam, nos níveis de decisão, evangelizando com
especial atenção e empenho (cf. EN 70).
A
corresponsabilidade e participação de leigas e leigos, como sujeitos com vez e
voz, deve acontecer na elaboração e execução dos planejamentos pastorais, nos
centros de discussão e decisão das Igrejas Particulares.
“Urge formar
ministérios adequados às necessidades das comunidades, especialmente do
Ministério do Pastoreio de comunidades, exercido por leigas e leigos
que sejam servas e servos do povo, abertos ao diálogo e ao trabalho em equipe,
e que, devidamente preparados, assumam em nome da Igreja a direção pastoral de
uma comunidade” (A Igreja arma sua tenda na Amazônia, Manaus, 9 a 18 de
setembro de 1997, n. 47).
Almejamos
investir
na formação de presbíteros e de irmãos e irmãs de vida consagrada –
autóctones e os que chegam de fora – para que sejam despojados, simples, não
busquem a autopromoção, que sejam missionários e vivam em maior sintonia e
contato com as comunidades e saibam trabalhar em equipe com os/as leigos/as, evitando
centralismo, clericalização e autoritarismo.
Comprometemo-nos
em a dar
visibilidade ao tráfico de pessoas para enfrentar esses crimes hediondos contra
a liberdade e dignidade da pessoa humana. Apostamos na Campanha da
Fraternidade de 2014 que tem como tema “Fraternidade e Tráfico Humano”.
Precisamos
dar
mais ênfase aos meios de comunicação, pois sabemos da sua importância
para a Evangelização.
Conscientes
de que a problemática da Amazônia é global, queremos abrir-nos a uma visão
panamazônica que nos convoca a buscar caminhos de colaboração e compromisso
entre as Igrejas na América Latina.
Queremos
dar
atenção especial aos jovens, através do apoio e incentivo à Pastoral da
Juventude, estimulando as dioceses e congregações religiosas a liberarem presbíteros
e religiosas para acompanhar os jovens, para que sejam oferecidos cursos de
formação de assessores, preparando-os para este serviço à juventude na
Amazônia.
Uma Igreja com rosto amazônico
A
Igreja Católica na Amazônia Legal
vive e cresce com características próprias, enraizadas na sabedoria tradicional
e na religiosidade popular que durante séculos alimentou e continua a manter
viva a espiritualidade dos povos da floresta e das águas, e agora, do mundo
urbano. Enfrenta com alegria as dificuldades das distâncias e da falta de
comunicação para encontrar e oferecer ao rebanho, confiado a nós pelo Senhor da
messe, a luz da Palavra de Deus e a Eucaristia como alimentos que revigoram e
animam as forças para viver a comunhão com Deus e cuidar da Amazônia como chão
da partilha, pátria solidária, “morada de povos irmãos e casa dos pobres” (DAp
8).
A
carinhosa devoção a Nossa Senhora de Nazaré, Rainha da Amazônia, nos leve a
cumprir o que ela nos pede: “Fazei o que Ele vos disser!” (Jo 2,5).
Nenhum comentário:
Postar um comentário