(Lc 19,45-48) Como ele pode suportar que o mercado ocupe os espaços
do templo? Como poderia, depois de ter chorado sobre a cidade? Como poderia
aceitar que possam transformar a relação com Deus numa espécie de feira
comercial? Que o homem se meta a negociar com Deus, oferecendo ritos, orações e
ofertas em troca de favores e bênçãos? O que tem a ver esta horrível idéia de
Deus com o rosto do Pai que Jesus experimentou e continua a revelar?... Sua
desilusão se transforma em raiva, e a raiva se torna ação, excesso, loucura.
Tens razão mestre, muito frequentemente transformamos nossa fé em mercado,
tratamos Deus como se devêssemos comprar alguma coisa dele, convencê-lo a fazer
um bom preço, certos de que ele deve, enfim, dar-nos uma mão. Tens razão: como
é estreita a nossa idéia do Pai, como também nossas igrejas se tornam lugares
de culto e não de encontro entre nós e com o Pai. Tens razão: mesmo sendo
discípulos e operários na tua vinha, às vezes pensamos que no fundo podemos
negociar contigo para conseguir algum favor. Vira também as nossas bancas!
Baixa o chicote também em nós! Mesmo irritado, chama-nos também hoje ao
essencial... (Paolo Curtaz, Parola & Preghiera,
novembro/2013, p. 148)
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