(Lc 17,20-25) Sim, tu virás, Senhor. Cremos que virás no fim dos tempos, na
plenitude, quando ninguém mais te esperará. Quando pensaremos que o teu retorno
é iverossímel, uma piedosa lenda, algo de que se fala mas que ninguém mais
acredita, uma daquelas coisas da fé irremediavelmente presas ao passado, ao
entusiasmo dos primeiros discípulos, mas que, realisticamente falando, jamais
acontecerá. Virás, e então nos sentiremos deslocados, não entenderemos, não
estaremos preparados, como nunca estamos preparados para os acontecimentos
imprevistos, às surpresas nem mesmo imaginadas, às coisas grandes e luminosas. O
Senhor vem no coração de cada um, pede hospitalidade, espera ser acolhido, pede
que sejamos ousados, que acreditemos. Ele vem, mas estamos muito ocupados, demasiadamente presos, muito tudo...
Vemos Noé passar ao nosso lado sem reconhecê-lo, e vemos também Lot, chamado a
fugir das tantas sodomas e gomorras nas quais habitamos. Vemos eles, mas não
sabemos mais reconhecê-los, não somos capazes de ler os sorrisos simbólicos dos
profetas, não sabemos mais interpretar a imensa solidão que eles preenchem.
Toma-nos pela mão, Senhor, e não nos deixes vagar na pobreza da nossa vida.
Toma-nos contigo, faz-nos discípulos/as de uma vez para sempre. (Paolo Curtaz, Parola
& Preghiera, novembro/2013, p. 100)
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