Somos enviados às fronteiras para
testemunhar, servir, dialogar e anunciar
Nos dias em que se realizou o XIII
Capítulo Geral, nós, os capitulares, vivemos uma significativa experiência
de fraternidade e de comunhão que ajudou a superar as fronteiras provinciais e
linguísticas. No final dessas três semanas de oração, escuta, reflexão e
discernimento, temos a alegria de partilhar com todos vocês alguns dos frutos
cultivados e amadurecidos na assembléia capitular.
À luz do tema geral – Ser Missionários da Sagrada Família hoje
– procuramos acolher e interpretar os sinais do nosso tempo para que possamos,
como Congregação, anunciar o Evangelho de modo eloquente e participar
ativamente na construção do Reino de Deus. Por isso, abordamos diversos
aspectos da nossa missão e elaboramos algumas linhas inspiradoras e operativas
para toda a Congregação. Estas linhas se referem ao conhecimento do mundo no
qual vivemos, ao nosso carisma missionário, aos ministérios prioritários em
favor das famílias e das vocações, à vida comunitária e às estruturas de
animação e de governo.
Reconhecemos que estamos inseridos num mundo que muda continuamente, que
vive um intenso processo de globalização, que revela uma preocupante tendência
ao fundamentalismo, que promove um pensamento leigo e secular, que reforça o
papel da sociedade civil e que deve fazer as contas com o ativismo. Como
missionários, somos chamados a viver este específico momento da história como
uma oportunidade, e a ser pessoas atualizadas, bem formadas, em condições de
promover aqui e agora os valores do Reino de Deus.
Acreditamos que o nosso ser e o nosso agir missionários devem partir
sempre de uma profunda experiência de encontro com Deus, à luz da Sagrada
Família. Sustentados e desafiados por este encontro, somos enviados às
fronteiras religiosas, sociais e culturais para testemunhar, dialogar, servir e
anunciar o Reino de Deus, revelado por Jesus nas suas palavras e ações, e por
ele confiado aos seus discípulos e discípulas.
Percebemos que é chegado o momento de assumir seriamente nossos ministérios prioritários: a pastoral das
famílias e a pastoral das vocações. Tanto quanto destinatárias do nosso
apostolado, as famílias são um importante recurso missionário na Igreja e no
mundo de hoje. Desafiados pelo Pe. Berthier, sentimo-nos chamados a inovar nos
métodos da pastoral das vocações, e a dar atenção especial às vocações que são
desprezadas ou podem se perder.
Temos consciência das debilidades das nossas comunidades, mas cremos que
o testemunho de fraternidade e de sentido de família permanecem sempre a
primeira e insubstituível forma de missão. Por isso, queremos fazer de nossas
comunidades espaços de acolhida humana, sem esquecer que seu dinamismo deriva
da busca comunitária da vontade de Deus e do empenho na missão comum. O
equilíbrio entre o respeito ao mistério e aos interessees de cada coirmão e a
adesão ao projeto comunitário, assim como entre a valorização das próprias
raízes culturais e o respeito à cultura dos outros, permanecem sempre um grande
desafio.
Parece-nos que a renovação das estruturas de governo e de animação não é
somente necessária, mas também vital. Para realizar esta renovação, precisamos
pôr em ação um processo de reestruturação dialogal e inovador, que consiga
adequar as estruturas à situação atual e concreta das Províncias e da
Congregação. Esta atualização pede o reforço da congregazionalidade, a
flexibilização das fronteiras provinciais e a ampliação das formas de
participação.
Ao finalizarmos, queremos recorrer de novo à inspiração da perícope de
Mateus 9,35-38. Mateus nos diz que, movido pela divina compaixão, Jesus percorre todas as cidades e aldeias,
ensinando, anunciando o Evangelho do Reino e curando toda doença e enefermidade.
Totalmente imerso nessa missão, Jesus toma consciência de que as necessidades são
superiores aos recursos dos quais dispõe. Nesse contexto, recomenda aos
discípulos que peçam ao Senhor da messe os operários que faltam.
Temos a convicção de que, na medida em que formos Missionários da
Sagrada Família do nosso tempo, apaixonados pelo Evangelho e pelo povo, podemos
pedir e esperar do Senhor os missionários dos quais a Congregação, a Igreja e o
mundo têm necessidade. De fato,
acreditamos que se o Senhor nos chama hoje, também nos capacita e nos dá a
força que necessitamos para responder
aos desafios do mundo atual. “Não fostes vós que me escolhestes; fui eu que vos
escolhi e designei, para dardes fruto e para que o vosso fruto permaneça” (Jo
15,16).
Roma, 20 de outubro de 2013
(Jornada
Mundial das Missões)
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