sábado, 2 de novembro de 2013

Memória do Pe. Rodolpho Ceolin msf

Hoje, 3 de novembro, não posso deixar de recordar os quatro meses de falcimento do muito querido e sempre lembrado Pe. Rodolpho Ceolin msf (+03.07.2013). Como homenagem a esse grande coirmão,tomo a liberdade de publicar o testemunho de outro grande amigo, o professor Bertilo Brod, ex e sempre Missionário da Sagrada Família. O texto é a junção de dois diferentes e-mails que ele me enviou em diferentes momentos, e não passou pela sua revisão.
Pe. Rodolpho Ceolin msf: um homem nobre

Meu coração e minha mente continuam por todas as horas do dia com aquele que foi para mim uma especier de "estrela-guia", um verdadeiro "Homem Nobre", título que extraio de um pequeno mas precioso livro de Meister Eckart que o Pe. André me fez chegar recentemente em minhas mãos. Reflito muito sobre a dimensão mística da experiência humana e religiosa da vida. E ali assoma de imediato a figura e a "experiência humana e religiosa" do Pe. Rodolpho, com quem tive alguns dos momentos e encontros existenciais mais significativos da minha própria "experiência humana e religiosa". Quero destacar alguns.
Por duas vezes acompanhei como delegado o então provincial Rodolpho em capítulos gerais, nos idos de 60, logo após a Concílio ecumênico, a primeira vez na companhia do também inesquecível Pe. Ernesto Greiner, e na segunda vez, junto com o ex-confrade Assabido Rhoden... Quantas interlocuções! Quantas sábias colocações destes amigos! Quantos testemunhos sinceros pela renovação da Congregação e da Igreja!...
Como posso esquecer o encontro com o Rodolpho quando ele me indicou o Pe. Luis Weber – outro "imortal" ícone merecedor de mais lembrança e memória – como "juiz" do processo da minha laicização, momento difícil mas muito consciente no arranjo existencial a que me submeti...
E, mergulhando no túnel do tempo, como esquecer as minhas travessuras de noviço, em 1953, quando ousadamenter pulava a janela do dormitório do noviciado, anexo ao Escolasticado São José, atravessava o pátio interno e ia jogar carta com alguns escolásticos na antiga casa da tipografia... Quem encontrava por lá algumas vezes? O Frater Ceolin, como espectador ou parceiro do carteado, até que o reitor Ladislau nos surprendeu, certa noite. A "Infração grave" (quebra do silêncio grande após as 22 horas e, mais grave, o contato de um noviço com escolásticos filósofos ou teólogos), me valeu a quase-expulsão do noviciado... sobrando, finalmente, apenas um a solene monitio canonica... 
Muito teria ainda a escrever sobre os encontros e contatos que tive com o saudoso Pe. Rodolpho. Quero mencionar apenas mais um. Ele participou de um retiro que orientei para um grupo de Missionários da Sagrada Família em Palmitos, vários anos atrás. Embasei todas as minhas seis palestras a partir da I Carta de São João. No último encontro, sugeri que cada participante escolhesse um versículo como "lembrança" dos três dias de retiro. Todos leram sua escolha. Recordo-me bem que o Pe. Rodolpho optou pelo seguinte pensamento: "Filhinhos, não amemos só de boca, nem de língua, senão com atos e de verdade" (1Jo 3,18).
Penso não me equivocar ao afirmar que este foi realmente o lema que o norteou em seus momentos de cultivo pessoal (tão intensos e por vezes tão sofridos e dilacerantes...), mas também em suas pregações e exemplos de vida. Se interpreto com certa fidelidade seu apostolado missionário, ouso testemunhar que seu método apostólico foi sempre: escutar, discernir, decidir. Foi sua tradução para o clássico "Ver, Julgar, Agir", das CEBs e da TdL.
Gostaria de relacionar o modo de ser, de crer e de agir do Pe. Rodolpho com a comparação que faço entre Bento XVI e Fancisco. Enquanto o Ratzinger enfatizava em suas homilias e em seus escritos o lema "Charitas in Veritate", Bergoglio parece inverter preferencialmente o mote: "Veritas in Charitate". Sem deixar de ser ratzingeriano, Rodolpho, com certeza, enfatizava mais a linha bergogliana...
Por último, não posso esquecer que o Pe. Rodolpho escrevia cada ano a mim e à Vilma um cartão de felicitações por ocasião do nosso aniversário.
Louvo a Deus e agradeço à Sagrada Família ter conhecido, convivido e estimado o Pe. Rodolpho em vida, e poder venerá-lo após a sua páscoa. Neste ponto, fecho com meu mano Marcos: mais que um "Requiem", entoemos um "Te Deum Laudamos". Acrescentaria: em homenagem póstuma à vida, apostolado missionário e fidelidade do Pe. Rodolpho Ceolin a Deus, à Congregação e à Igreja, ouçamos agradecidos o "Aleluia" de Händel!
Bertilo Brod


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