Ano Internacional da
Agricultura Familiar
Mais de
300 organizações dos cinco continentes, coordenadas pelo Fórum Rural Mundial, em dezembro de 2011,propuseram à FAO e
conseguiram que o ano 2014 fosse declarado Ano
Internacional da Agricultura Familiar. O objetivo deste ano dedicado à Agricultura
Familiar é estimular e pressionar os países para que implementem políticas
específicas que favoreçam o reconhecimento e o desenvolvimento sustentável da
Agricultura Familiar.
A
expressão Agricultura Familiar
compreende uma forma de organizar a produção agrícola e silvícola, assim como a
pesca, o pastoreio e a aquicultura, gerida e dirigida por uma família e que depende
substancialmente de mão de obra não assalariada. O pressuposto é que a família
e a produção estão vinculadas, evoluem juntas e combinam funções econômicas,
ambientais, sociais e culturais.
A
realidade concreta da Agricultura
Familiar justifica este destaque no progrma do organismo da ONU que se
dedica às questões da agricultura e da alimentação (FAO). De fato, a Agricultura Familiar contribui fortemente
com a segurança alimentar. Mais de 70% dos alimentos do mundo é produzido pelos/as
agricultores/as familiares, o que faz deles/as um elemento-chave na luta contra
a fome e a subnutrição. E as pequenas propriedades agrícolas são frequentemente
mais produtivas e sustentáveis em relação às dimensões da terra e à energia
consumida.
Além
disso, mais de 40% dos lares do mundo dependem fortemente da agricultura
familiar como forma de vida. Dos 3
bilhões de seres humanos que vivem no
meio rural, especialmente nos países em desenvolvimento, mais de 2,5 bilhões
pertencem a famílias dedicadas à agricultura. Assim, a Agricultura Familiar contribui para estabilizar a população no meio
rural, para preservar os valores culturais e históricos e gerar renda e
consumo.
Apoiar e
dinamizar a Agricultura Familiar é também
uma forma de combater a pobreza. Em comparação com os outros setores
produtivos, Agricultura Familiar demonstra
o dobro de eficácia na prevenção da pobreza. O crescimento do PIB originánário
da agricultura é o dobro que o crescimento gerado noutros setores. E, por causa
da abundância e proximidade dos alimentos produzidos pela Agricultura Familiar, o crescimento agrário e rural beneficia
também os pobres das zonas urbanas.
A Agricultura Familiar tem um grande
potencial no que tange à conservação das variedades alimentares locais. Ao
longo da história, a humanidade utilizou mais de 7000 plantas para suprir suas
necessidades básicas. Hoje, as espécies cultivadas comercialmente não passam de
150! E 30 destas representam juntas 90% das calorias consumidas pela dieta
humana, e apenas quatro (arroz, trigo, milho e batata) representam mais da
metade dos alimentos consumidos no mundo. Além de ser fator de
agro-diversidade, a Agricultura Familiar
ajuda a preservar a biodiversidade, mediante o emprego de variedades de
sementes e raças de animais autóctones, adaptadas aos diversos ambientes.
Um outro
dado interessante é que as mulheres
representam a metade da mão-de-obra agrícola, especialmente na agricultura em
pequena escala e nos países em desenvolvimento. Na maioria dos casos, a mulher
cozinha e põe a comida na mesa, comercializa os produtos e se ocupa da saúde da
família. Além disso, segundo estimativas da FAO, as mulheres são 43% da força
de trabalho na agricultura (a UNIFEM calcula que esta participação está entre
60 e 80%!).
Assim,
são muitos os motivos que nos estimulam ao engajamento concreto, inteligente e
criativo no Ano Internacional da
Agricultura Familiar, cuja abertura oficial será celebrada pela ONU no
próximo dia 20 de novembro: lutar pela segurança alimentar dos povos;
prevenir e combater a pobreza; proteger a biodiversidade; apoiar a emancipação
da mulher. Precisamos nos mobilizar para que o Governo Federal do Brasil apresente
programas específicos para concretizar esta ação. E nós mesmos, nas regiões
onde predomina a Agricultura Familiar,
somos desafiados a propor algo nesta perspectiva.
A
sociedade civil deseja que o Ano
Internacional da Agricultura Familiar seja compartilhado, integrador e
realmente efetivo. Espera que esta agenda seja encabeçada pelas próprias organizações
agrárias espalhadas pelos cinco continentes. Dos organismos internacionais, sob
a liderança da FAO, espera-se que proponham
um programa oficial, com objetivos claros e exequíveis, reservando espaço para
a assessoria da sociedade civil organizada.
Itacir Brassiani msf
(Com dados do folder publicado pelo Fórum Rural Mundial)
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