quinta-feira, 9 de julho de 2020

O Evangelho dominical (Pagola) - 12.07.2020


A FORÇA OCULTA DO EVANGELHO

A parábola do semeador é um convite à esperança. A semeadura do evangelho, muitas vezes inútil por diversas contrariedades e oposições, tem uma força irreprimível. Apesar de todos os obstáculos e dificuldades, e mesmo com resultados muito diferentes, a semeadura termina em colheita fecunda que faz esquecer outros fracassos.
Não devemos perder a confiança por causa da aparente impotência do Reino de Deus. Sempre parece que a causa de Deus está em declínio e que o evangelho é algo insignificante e sem futuro. E no entanto não é assim. O evangelho não é uma moral ou uma política, nem sequer uma religião com maior ou menor futuro. O evangelho é a força salvadora de Deus semeada por Jesus no coração do mundo e na vida dos homens.
Empurrados pelo sensacionalismo dos atuais meios de comunicação, parece que só temos olhos para ver o mal. E já não sabemos reconhecer essa força da vida que se encontra oculta por aparências mais desencorajadoras.
Se pudéssemos observar o interior da vida, ficaríamos surpreendidos ao encontrar tanta bondade, entrega, sacrifício, generosidade e amor verdadeiro. Há violência e sangue no mundo, mas cresce em muitos, o desejo de uma verdadeira paz. Impõe-se o consumismo egoísta na nossa sociedade, mas são bastantes os que descobrem o gozo de uma vida simples e partilhada. A indiferença parece ter apagado a religião, mas em não poucas pessoas desperta-se a nostalgia de Deus e a necessidade de oração.
A energia transformadora do evangelho está aí trabalhando a humanidade. A sede de justiça e de amor continuará a crescer. O semear de Jesus não terminará em fracasso. O que se nos pede é acolher a semente. Não descobrimos em nós mesmos a força que não provém de nós e que nos convida a crescer incessantemente, a ser mais humanos, a transformar nossas vidas, a tecer novos relações entre as pessoas, a viver com mais transparência, a abrir-nos com mais verdade a Deus?
José Antonio Pagola
(Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez)

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