AMOR AO INIMIGO
“Aos que me escutam digo: amai os
vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam”. O que podemos nós, crentes,
fazer ante estas palavras de Jesus? Eliminá-las do Evangelho? Apagá-las do
fundo da nossa consciência? Deixá-las para tempos melhores?
Não muda muito nas diferentes culturas,
a postura básica dos homens perante o inimigo, isto é, perante alguém de quem
só podemos esperar algum mal, O ateniense Lísias expressa a concepção vigente
na Grécia antiga com uma fórmula que seria bem recebida por muitos hoje: “Considero
como regra estabelecida que se deve procurar causar dano aos inimigos e
colocar-se ao serviço dos amigos”.
Por isso devemos destacar ainda mais a
importância revolucionária que se encerra no mandato evangélico de amor ao
inimigo, considerado pelos exegetas como a demonstração mais clara da mensagem
cristã. Quando Jesus fala de amor ao inimigo, não está pensando num sentimento
de afeto e carinho para com ele, mas numa atitude humana de preocupação
positiva pelo seu bem.
Jesus pensa que uma pessoa é humana
quando o amor está na base de todas as suas ações. E nem mesmo a relação com os
inimigos deverá ser uma exceção. Quem é humano até ao fim respeita a dignidade
do inimigo, por muito desfigurada que nos possa apresentar. Não adota ante ele
uma postura de exclusão de quem amaldiçoa, mas uma atitude de bênção.
E é precisamente este amor, que alcança
a todos e procura realmente o bem de todos, sem exceção, o contributo mais
humano que pode ser introduzido na sociedade por aqueles que se inspiram no
Evangelho de Jesus.
Há situações em que este amor pelo
inimigo parece impossível. Estamos demasiado feridos para perdoar. Necessitamos
de tempo para recuperar a paz. É o momento de recordar que também nós vivemos
da paciência e do perdão de Deus.
José Antônio Pagola
Tradução de Antônio Manuel Álvarez Perez
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