Deus amou com coração humano e trabalhou com mãos humanas | 614 | 05.02.2025
| Marcos 6,1-6
Apesar dos
títulos de poder que a história associou a ele, Jesus de Nazaré partilhou a
sorte das pessoas humildes e marginalizadas. Ele não fez coro com os soberbos e
satisfeitos, nem foi indiferente ao destino das pessoas desprezadas. Nasceu
numa estrebaria, habitou numa cidade insignificante, foi trabalhador braçal,
aproximou-se de grupos sociais considerados suspeitos, foi preso e executado
entre outros condenados, fora dos muros de Jerusalém. Em sua cidade, Jesus era
conhecido como um carpinteiro, e seus familiares eram pessoas muito humildes.
O trecho do evangelho de hoje
mostra a admiração e a inquietação dos conterrâneos de Jesus sobre a origem e o
carisma de Jesus. Como o conheciam desde pequeno, perguntavam-se: “Onde foi que
arranjou tanta sabedoria? Esse homem não é o carpinteiro, o filho de Maria?” Do
ponto de vista da origem, Jesus não poderia ser o que dava a impressão de ser.
Para seus conterrâneos, a sabedoria não poderia vir de pessoas comuns e
humildes como eles. Por mais seus ensinamento e ações impressionassem, sua
pertença a um povoado e uma família marginal era como uma pedra de escândalo.
Jesus, por sua vez, fica muito impressionado
com esta visão estreita, com a influência que a ideologia das elites exerce
sobre os humildes habitantes da sua aldeia. Por trás dela está a ideia da
inferioridade e impotência dos pobres, da sua radical e eterna dependência de
benfeitores poderosos. Como tantos outros, aquele povo simples havia interiorizado
e assimilado a insignificância que os outros lhe atribuíam. E parece que esse
escândalo atinge os próprios familiares e parentes de Jesus.
Por
isso, Jesus repete um provérbio popular da sua região: “Um profeta só não é
estimado na sua pátria, entre seus
parentes e familiares...” Aqueles que conheciam sua origem humilde e
suas mãos calejadas na carpintaria não conseguiam reconhecer nele os traços do
Profeta ou do Messias. Mas para Jesus o escândalo dos habitantes de Nazaré
significa falta de fé, daquela abertura essencial que permite reconhecer a
presença de Deus nas pessoas simples, acolher as surpresas e a ação de Deus que
se manifesta onde menos se espera.
Meditação:
§ Releia
o texto com atenção, imaginando-se presente em Nazaré, interagindo com os
familiares e conterrâneos de Jesus
§ Em
que medida também nós resistimos em admitir que pessoas simples, em lugares
remotos podem fazer grandes coisas?
§ Como
nós e nossas comunidades vivemos nossa origem, frequentemente humilde e de
pouca relevância social
§ Deixe-se
seduzir por Jesus Cristo, o Deus na carpintaria e na cruz, assumindo uma vida
simples e priorizando os meios frágeis
Um comentário:
Bela reflexão e muito atual.
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