segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

Atenção com o perigo do fermento da arrogância

Não nos deixemos contaminar pelo fermento da arrogância | 627 | 18.02.2025 | Marcos 8,14-21

Temos diante de nós o episódio evangélico do duro diálogo de Jesus com seus discípulos sobre o fermento dos fariseus e de Herodes, enquanto faziam a travessia do mar voltando à Galilei. Como vimos no último sábado e ontem, isso acontece depois da distribuição de alimentos aos pobres de origem pagã e da exigência de um milagre espetacular por parte dos fariseus.

Há vários indícios de que os discípulos continuavam sem entender e resistindo à forte interpelação das últimas ações de Jesus: a integração dos pagãos e a justiça social e econômica. Desde o início da sua missão e do chamado dos primeiros discípulos, Jesus vem insistindo, sem muito sucesso, nas características essências do discipulado: compaixão solidária pelas pessoas excluídas; austeridade pessoal e desapego dos bens; confiança na hospitalidade do povo; abertura ecumênica a quem é ou pensa diferente.

A cena de hoje começa com uma constatação: desatentos, os discípulos não haviam levado alimento para a travessia do lago e tinham apenas um pão. Percebendo que seus discípulos continuavam presos à ideia de uma comunidade pura e fechada, apoiada em meios abundantes e poderosos, Jesus introduz uma questão importante: o risco de que fermento dos fariseus e de Herodes contamine seus discípulos. E os questiona duramente: “Ainda não entendem nem compreendem? Vocês tem olhos e não enxergam, têm ouvidos e não escutam?”

Com estes questionamentos, Jesus provoca a tempestade da qual o mar havia poupado a pequena embarcação. Na verdade, os discípulos resistem em aceitar que o segredo do Reino de Deus está na partilha, e não no acúmulo; que os pagãos gozam da mesma dignidade que os judeus; que o separatismo vivido pelos fariseus não é coisa de Deus; que a ostentação, o poder e a violência de Herodes revelam sua fraqueza e seu distanciamento de Deus. Nem o pouco alimento na sacola, nem a força do vento que agita as ondas, nem os alimentos contaminados pela impureza são ameaças letais ou mais perigosas aos discípulos. O que os ameaça e torna impuros é o fermento do separatismo e do poder que oprime e mata.

   

Meditação:

§ Releia o texto, e perceba o questionamento que Jesus faz aos discípulos pela falta de abertura e entendimento ao seu ensino

§ Será que nós, no Brasil do século XXI e da ressaca moralista, entendemos realmente a exigente novidade de Jesus?

§ Será que nossos pensamentos e iniciativas são realmente fermentadas pelo Reino de Deus? Onde isso se mostra claramente?

§ O que você acha do bombardeio que alguns grupos católicos dirigem contra Papa Francisco e a nossa Conferência Nacional dos Bispos do Brasil?

Um comentário:

Anônimo disse...

Nós hoje ainda estamos com os daqueles olhos fechados, e estamos surdos perante o envenenamento de nossos alimentos com agrotóxicos. Que além de fazer a saúde, também é responsável pela concentração de terras nas mãos de quem não trabalha na terra, somente a usa para enriquecer as custas de quem nela trabalha. Deus nos deu a terra para Della tirar nosso sustento. E o diabo inventou as escrituras para que precisamos ter dinheiro para ter acesso a ela.