Não nos deixemos contaminar pelo fermento da arrogância | 627 | 18.02.2025
| Marcos 8,14-21
Temos diante de nós o episódio evangélico do duro diálogo de Jesus
com seus discípulos sobre o fermento dos fariseus e de Herodes, enquanto faziam
a travessia do mar voltando à Galilei. Como vimos no último sábado e ontem,
isso acontece depois da distribuição de alimentos aos pobres de origem pagã e
da exigência de um milagre espetacular por parte dos fariseus.
Há vários indícios de que os discípulos continuavam sem entender e
resistindo à forte interpelação das últimas ações de Jesus: a integração dos
pagãos e a justiça social e econômica. Desde o início da sua missão e do
chamado dos primeiros discípulos, Jesus vem insistindo, sem muito sucesso, nas
características essências do discipulado: compaixão solidária pelas pessoas
excluídas; austeridade pessoal e desapego dos bens; confiança na hospitalidade
do povo; abertura ecumênica a quem é ou pensa diferente.
A cena de hoje começa com uma constatação: desatentos, os
discípulos não haviam levado alimento para a travessia do lago e tinham apenas
um pão. Percebendo que seus discípulos continuavam presos à ideia de uma
comunidade pura e fechada, apoiada em meios abundantes e poderosos, Jesus introduz
uma questão importante: o risco de que fermento dos fariseus e de Herodes
contamine seus discípulos. E os questiona duramente: “Ainda não entendem nem
compreendem? Vocês tem olhos e não enxergam, têm ouvidos e não escutam?”
Com estes questionamentos, Jesus provoca a tempestade da qual o
mar havia poupado a pequena embarcação. Na verdade, os discípulos resistem em
aceitar que o segredo do Reino de Deus está na partilha, e não no acúmulo; que
os pagãos gozam da mesma dignidade que os judeus; que o separatismo vivido
pelos fariseus não é coisa de Deus; que a ostentação, o poder e a violência de
Herodes revelam sua fraqueza e seu distanciamento de Deus. Nem o pouco alimento
na sacola, nem a força do vento que agita as ondas, nem os alimentos contaminados
pela impureza são ameaças letais ou mais perigosas aos discípulos. O que os
ameaça e torna impuros é o fermento do separatismo e do poder que oprime e
mata.
Meditação:
§ Releia
o texto, e perceba o questionamento que Jesus faz aos discípulos pela falta de
abertura e entendimento ao seu ensino
§ Será
que nós, no Brasil do século XXI e da ressaca moralista, entendemos realmente a
exigente novidade de Jesus?
§ Será
que nossos pensamentos e iniciativas são realmente fermentadas pelo Reino de
Deus? Onde isso se mostra claramente?
§ O que
você acha do bombardeio que alguns grupos católicos dirigem contra Papa
Francisco e a nossa Conferência Nacional dos Bispos do Brasil?
Um comentário:
Nós hoje ainda estamos com os daqueles olhos fechados, e estamos surdos perante o envenenamento de nossos alimentos com agrotóxicos. Que além de fazer a saúde, também é responsável pela concentração de terras nas mãos de quem não trabalha na terra, somente a usa para enriquecer as custas de quem nela trabalha. Deus nos deu a terra para Della tirar nosso sustento. E o diabo inventou as escrituras para que precisamos ter dinheiro para ter acesso a ela.
Postar um comentário