A vida do missionário se complica, mas fica cheia de graça | 617 | 08.02.2025
| Marcos 6,30-34
No episódio do
envio dos apóstolos ao “estágio missionário” (cf. Mc 6,7-13), a ênfase recaía
sobre as instruções de Jesus para a missão. Na crônica sobre a trama e morte de
João Batista (cf. Mc 6,14-29), o evangelista sublinhava o recorrente confronto
entre reis arrogantes e enfraquecidos com os profetas que não calam a verdade.
Este é o caminho e o destino de Jesus, s os discípulos que ele envia também
devem preparar-se para isso.
No episódio de hoje, Marcos
descreve o que acontece quando os discípulos voltam do breve “estágio
missionário”. Eles foram enviados como missionários itinerantes, dedicados
integralmente ao anúncio e realização do Reino de Deus, absolutamente
dependentes da hospitalidade alheia. Voltando, eles se reúnem com Jesus e
compartilham o que haviam feito e ensinado.
Atento ao cansaço e aos limites do
apostolado deles, Jesus os convida para um retiro de descanso e de aprofundamento
do seu ensino. Este descanso ou retiro se faz necessário, pois é muita gente
chegando para pedir socorro, e isso pode limitar até as condições para se
alimentar adequadamente. Mas a proposta de descanso se torna uma lição de
dedicação incansável ao Reino de Deus, concretizada na compaixão pelo povo
necessitado.
De fato, enquanto os discípulos
que apenas estreavam como apóstolos ainda tinham dificuldades de reconhecer a
identidade de Jesus, as multidões cansadas e abatidas, abandonadas pelos seus
líderes e pastores políticos e religiosos, intuem quem é Jesus, depositam nele
suas derradeiras esperanças e chegam antes deles no desejado “retiro”. É isso
que relatam os versículos subsequentes.
A dedicação
incansável de Jesus ao povo, e sua ação curadora e emancipadora, é a lição que
faltava aos apóstolos. A missão não é uma etapa, um momento, uma entre outras
atividades que nos ocupam. A divina e humana compaixão não conhece agenda. E as
pessoas descartadas pelos “pastores” de plantão são a prioridade dos discípulos
missionários. Mesmo quando se retiram para a oração e a formação, o povo está
presente por todos os lados.
Meditação:
§ Releia
o texto com atenção, acompanhando o retorno dos apóstolos, o convite ao
descanso, a multidão que os rodeia
§ A
formação, a oração, as celebrações e outras demandas da vida cristã não podem
ser obstáculos ao “ministério da compaixão”
§ A
verdadeira evangelização (anúncio da Boa Notícia de Deus) se concretiza e
culmina na compaixão demonstrada nas ações
§ Em
que medida é a humana e divina compaixão de Jesus que dinamiza nossa formação,
nossa oração e nossa missão?
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