quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

Jesus o faz bem sem discriminar ninguém

Jesus faz bem todas as coisas e sem discriminar ninguém | 623 | 14.02.2025 | Marcos 7,31-37

No texto de ontem, vimos como a insistência e o argumento de uma mulher pagã faz Jesus “mudar” de opinião. Deus é pai, e não trata ninguém como indigno ou impuro, como se fosse um cãozinho desprezível. Anunciando e realizando o Reino de Deus, Jesus derruba os muros que classificam, hierarquizam e opõem as pessoas e povos.

Na cena de hoje, Jesus continua em território pagão, e sua ação libertadora vai se estendendo a toda a região circunvizinha à Galileia. É ali que pessoas anônimas levam a Jesus um homem que tinha extrema dificuldade de se comunicar verbalmente. Tudo indica que é mais um pagão, como o são também aqueles que o levam a Jesus e pedem que imponha as mãos sobre ele.

Na mentalidade judaica, os pagãos eram pessoas impuras, das quais o judeu deveria afastar-se para não se tornar impuro, assim como era considerada impura a saliva humana. Sem nenhuma pretensão de fama, mas mantendo seu confronto com o sistema de pureza, Jesus leva o surdo-mudo para fora do olhar público, toca sua língua com sua saliva e seus ouvidos com os dedos.

Com estes dois gestos, Jesus solapa mais uma vez as bases da ideologia da pureza, que delimita a pertença ao povo judeu e exclui todos os demais, como os trabalhadores manuais, os doentes e os pecadores em geral. Gritando, Jesus abre os ouvidos e solta a língua daquele homem pagão, de modo que ele e seus amigos anônimos deixam a zona da exclusão e se tornam testemunhas de Jesus.

Para aquele homem, isso significa uma formidável mudança de status social. Aquilo que Jesus luta para provocar nos seus discípulos torna-se possível com gente excluída: eles ouvem Jesus e testemunham abertamente o bem que ele faz sem olhar a quem. E, não esqueçamos, o que Jesus faz e ensina deve ser normativo para quem o segue.

É terrivelmente perniciosa e anticristã a ideologia que afirma a supremacia do branco sobre os outros, do rico sobre o empobrecido, do homem sobre a mulher, do ocidente sobre o oriente, dos católicos sobre os protestantes. Não há como ser cristão e sustentar isso, nem velhas e danosas lições como “Deus acima de todos, Brasil acima de tudo”. Jesus socorre a todos, e não só “as pessoas de bem”.

 

Meditação:

§ Releia o texto, contemplando atentamente os gestos dos pagãos e de Jesus, mas também o que diz Jesus e o que dizem os pagãos

§ Você acha que as pessoas e grupos excluídos tem o espaço que lhes é devido na Igreja e na sociedade?

§ Será que muitos cristãos e comunidades sentem-se mais à vontade reproduzindo ideologias que separam que aderindo à escandalosa e provocadora liberdade inclusiva de Jesus?

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