Por onde passa, Jesus cura e faz o bem sem olhar a quem | 613 | 04.02.2025
| Marcos 5,21-43
O texto do
evangelho de hoje está literariamente estruturado em forma de sanduíche: no
início e no fim está a cena da menina doente; no meio, temos a cena da mulher
que sofria de hemorragia há 12 anos. A menina, mesmo muito enferma, tem alguém
por ela: seu pai é chefe de uma sinagoga. A mulher enferma já sofrera na mão de
muitos médicos, e não pode contar com ninguém que interceda por ela.
Jairo, o chefe da sinagoga e pai
da adolescente que “está nas últimas” atira-se aos pés de Jesus e pede
insistentemente que ele faça um gesto que a cure e faça viver. Jesus atende o
seu pedido e caminha com ele, ladeado por uma multidão. Tudo parecia andar bem
de acordo com as expectativas e necessidades, mas, no meio do caminho apareceu
uma mulher sofrida, sem nome e sem ninguém.
Ela sofria de hemorragia fazia 12
anos, havia sido depauperada pelos médicos, e, “em vez de melhorar, piorava
cada vez mais”. 12 anos de dor, de isolamento social por causa da “impureza”
provocada pelo fluxo de sangue, de uma pobreza que se agravava a cada dia.
Também ela ouviu falar de Jesus, mas não ousou pedir nada. Apenas aproximou-se
discretamente por trás e tocou na roupa dele. Movida pela fé, acreditava que o
seu toque não transmitiria sua impureza a Jesus, mas atrairia dele a graça da
cura.
Aproximando-se de Jesus e tocando
na roupa dele, a mulher viu-se curada. Mesmo apertado pela multidão por todos
os lados, Jesus percebe que algo acontecera. Uma pessoa tão sofrida não poderia
passar por Jesus sem que ele se sentisse profundamente tocado! Mesmo embaraçada
pelo seu gesto inusitado, a mulher se apresenta, e ouve de Jesus uma palavra
poderosa e empoderadora: “És minha filha, e o que te curou é a tua fé. Vai em
paz!”
Enquanto
Jesus se entretém com esta mulher, a filha de Jairo morre, e seus empregados
querem dispensar Jesus do pedido que ele lhe fizera. Então Jesus pede ao chefe
da sinagoga que aprenda a crer como a mulher sem nome. E, chegando à casa,
interrompe os lamentos, põem ordem na confusão, fica sozinho com os pais na
peça onde está a menina, estende a mão a ela e a coloca de pé. E ela caminha,
livre e curada, diante de uma multidão admirada.
Meditação:
§ Perceba
a situação de abandono social da mulher anônima, mas também sua confiança e sua
fé, e a estratégia que nasce delas
§ Perceba
como Jesus não dá preferência a quem tem um intercessor importante, e como toma
a fé de uma pagã como exemplo
§ Qual
é a atenção que dispensamos às pessoas que, movidas pela necessidade e pelo
desespero, irrompem em nossas igrejas?
§ O que
podemos fazer para que a Igreja reconheça o espaço que cabe às mulheres na sua
missão e organização?
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