domingo, 16 de fevereiro de 2025

Não esperemos de Jesus sinais capazes de impressionar

Não esperemos de Jesus sinais capazes de impressionar | 626 | 17.02.2025 | Marcos 8,1-13

Os três versículos deste trecho do Evangelho relatam a reação dos fariseus diante da segunda distribuição de alimento à multidão necessitada, provocada, motivada, organizada por Jesus, com a colaboração de seus discípulos. Eles não se alegram com a multidão satisfeita, nem estão dispostos a reconhecer nas ações de Jesus a irrupção do Reino de Deus. Muito pelo contrário!

Marcos nos diz que os fariseus saíram e começaram a discutir com Jesus e pedir a ele um sinal capaz de comprovar claramente que ele é enviado de Deus e age em nome dele. Na verdade, eles querem testar ou tentar Jesus, como Satanás o havia feito no deserto (cf. Mc 1,13). Seria Satanás um nome fictício para os fariseus e outras lideranças religiosas de Jerusalém? Em todos os casos, a reação de Jesus aos questionamentos deles é dura e cortante.

O suspiro de Jesus enquanto reage é significativo, e manifesta irritação e indignação. Será que o que falta são sinais da parte de Jesus ou fé da parte dos fariseus e doutores da lei? Em seu fechamento e incredulidade, a elite religiosa de Jerusalém exige de Jesus sinais espetaculares e miraculosos, pois assim eles imaginavam Deus. Acontece que, para Jesus, é preciso desconfiar diante de quem promete mundos e fundos e age para impressionar.

O sinal já estava dado e repetido: a coleta de alimento entre seus seguidores e a distribuição gratuita para saciar a fome do povo. Se, como afirma o Papa Francisco, “a fome é criminosa e a alimentação é um direito inalienável” assegurar que isso aconteça é coisa inspirada por Deus. Mas eles se negam a ver nestes sinais o atestado de que Jesus age em nome de Deus. E os próprios discípulos, como vimos na semana passada e será confirmado amanhã, não conseguem aceitar a novidade de Jesus.

Também nós, discípulos de Jesus em terras brasileiras num tempo marcado pela intolerância, precisamos deixar de provocar Jesus pedindo sinais extravagantes. Ele mesmo, em sua humana e solidária encarnação, amando e dando a vida pelos pequenos, é o sinal mais luminoso de Deus. Fora disso, ele prefere se retirar de campo e jogar em outras periferias. Estaremos nós à sua altura?

   

Meditação:

§ Por que será que ainda hoje tanta gente, inclusive entre nós, procura e pedem sinais grandiosos para acreditar?

§ Por que ainda resistimos a ver na compaixão de Jesus e na solidariedade de tanta gente os sinais da mão divina?

§ O que podemos dizer das igrejas, santuários e pregadores que reduzem a fé à promessa de milagres mirabolantes?

§ O que provoca o enfraquecimento da nossa fé é a falta de sinais do amor de Deus ou seria a nossa incapacidade de reconhecê-los?

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