Não esperemos de Jesus sinais capazes de impressionar | 626 | 17.02.2025
| Marcos 8,1-13
Os três versículos deste trecho do
Evangelho relatam a reação dos fariseus diante da segunda distribuição de
alimento à multidão necessitada, provocada, motivada, organizada por Jesus, com
a colaboração de seus discípulos. Eles não se alegram com a multidão
satisfeita, nem estão dispostos a reconhecer nas ações de Jesus a irrupção do
Reino de Deus. Muito pelo contrário!
Marcos nos diz que os fariseus
saíram e começaram a discutir com Jesus e pedir a ele um sinal capaz de comprovar
claramente que ele é enviado de Deus e age em nome dele. Na verdade, eles
querem testar ou tentar Jesus, como Satanás o havia feito no deserto (cf. Mc
1,13). Seria Satanás um nome fictício para os fariseus e outras lideranças religiosas
de Jerusalém? Em todos os casos, a reação de Jesus aos questionamentos deles é
dura e cortante.
O suspiro de Jesus enquanto reage
é significativo, e manifesta irritação e indignação. Será que o que falta são
sinais da parte de Jesus ou fé da parte dos fariseus e doutores da lei? Em seu
fechamento e incredulidade, a elite religiosa de Jerusalém exige de Jesus
sinais espetaculares e miraculosos, pois assim eles imaginavam Deus. Acontece
que, para Jesus, é preciso desconfiar diante de quem promete mundos e fundos e
age para impressionar.
O sinal já estava dado e repetido:
a coleta de alimento entre seus seguidores e a distribuição gratuita para
saciar a fome do povo. Se, como afirma o Papa Francisco, “a
fome é criminosa e a alimentação é um direito inalienável” assegurar que isso
aconteça é coisa inspirada por Deus. Mas eles se negam a ver nestes sinais o atestado de que Jesus age
em nome de Deus. E os próprios discípulos, como vimos na semana passada e será
confirmado amanhã, não conseguem aceitar a novidade de Jesus.
Também nós, discípulos de Jesus em terras
brasileiras num tempo marcado pela intolerância, precisamos deixar de provocar
Jesus pedindo sinais extravagantes. Ele mesmo, em sua humana e solidária
encarnação, amando e dando a vida pelos pequenos, é o sinal mais luminoso de
Deus. Fora disso, ele prefere se retirar de campo e jogar em outras periferias.
Estaremos nós à sua altura?
Meditação:
§ Por que será que ainda hoje tanta gente, inclusive entre
nós, procura e pedem sinais grandiosos para acreditar?
§ Por que ainda resistimos a ver na compaixão de Jesus e na
solidariedade de tanta gente os sinais da mão divina?
§ O que podemos dizer das igrejas, santuários e pregadores
que reduzem a fé à promessa de milagres mirabolantes?
§ O que provoca o enfraquecimento da nossa fé é a falta de
sinais do amor de Deus ou seria a nossa incapacidade de reconhecê-los?
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