quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Que preço nos dispomos a pagar pela nossa coerência?

Que preço nos dispomos a pagar pela nossa coerência? | 616 | 07.02.2025 | Marcos 6,14-29

Ontem meditamos sobre o episódio do envio dos doze apóstolos e o ensino sobre o que é essencial na missão, em qualquer tempo e lugar: sair ao encontro como peregrinos e hóspedes; confiar na força libertadora dos meios frágeis; manter a abertura e o diálogo; fazer bem e fazer bem sem olhar a quem. E, na cena de amanhã, refletiremos sobre o retorno e a partilha da experiência missionária.

É aparentemente estranho que o evangelista coloque, entre o envio e o retorno dos apóstolos, o relato sobre a condenação e morte de João Batista. Parece um parêntesis. Mas não é! Inserindo aqui este episódio, Marcos quer dar a entender que os apóstolos herdam tanto a missão como o destino de Jesus. Ele inicia sua missão com a prisão de João, é comparado a ele, e terá o destino dos profetas. Assim também os discípulos enviados em seu nome.

Neste relato temos uma crítica mordaz às elites que controlam Israel, um registro do conluio incestuoso de interesses políticos, militares e comerciais, e uma denúncia vigorosa dos seus caprichos assassinos. Herodes convida para sua festa a nobreza, o exército e as lideranças regionais. O juramento de um Herodes bêbado prometendo dar à bailarina, sua enteada, a metade dos seus bens assinala o modo estranho como as elites tomam suas decisões políticas.

Mesmo que aparentemente deseje conhecer Jesus, Herodes não o conseguirá, pois silenciou a Voz que anunciava o Verbo, e sem voz não há palavra. Seu casamento com a cunhada, que era também, como o costume de então, uma aliança política e diplomática, era criticada por João. Imaginando que Jesus seria João Batista que retornava, Herodes reconhece seu fracasso na tentativa de calar a voz dos profetas que o criticavam.

Nessa espécie de crônica policial percebemos o recorrente confronto entre reis arrogantes e enfraquecidos e profetas que não calam a verdade, mesmo quando têm que pagar essa fidelidade com a própria vida. Jesus seguirá por esse mesmo caminho, e terá semelhante destino. E os discípulos missionários que ele envia também devem se preparar para isso. Os cristãos serão sempre luz que revela o que costuma ser escondido, sinais de contradição!

 

Meditação:

§ Releia o texto com atenção, observando bem as nuances do relato e participando da cena que ele descreve

§ Você percebe a crítica irônica do evangelista às elites da Galileia, assim como sua denúncia vigorosa da sua violência?

§ O que explica o arrefecimento da profecia das lideranças cristãs nos tempos atuais, e como poderemos resgatá-la?

§ Como desenvolver nos discípulos missionários de hoje a coragem da verdade e a ousadia do testemunho?

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