terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

As pessoas não são árvores que andam

As pessoas não são árvores que andam, mas irmãos e irmãs | 628 | 19.02.2025 | Marcos 8,22-26

No trecho do evangelho de ontem, estando no barco com seus discípulos, Jesus os adverte sobre o risco de se deixar contaminar com o “fermento” dos fariseus e de Herodes: a ideologia que leva à separação orgulhosa e à deterioração das relações, enquanto que o “fermento” do Reino de Deus leva à aproximação solidária.

Jesus também questionava seus discípulos, pois eles demonstram que não conseguem compreender o significado nem assumir as consequências do gesto da distribuição dos pães e peixes para os pagãos. Para Jesus, eles parecem ter ouvidos, mas não ouvem; demonstram ter olhos, mas não conseguem ver nada.

No episódio de hoje, algumas pessoas levam um cego, pedindo que Jesus o toque e cure. Isso acontece no povoado de Betsaida. Jesus toma o cego pela mão e o conduz para fora do povoado, como que libertando-o da visão estreita e fechada que uma cidade murada impõe aos seus habitantes. Depois, com a saliva e a terra, faz barro e impõe sobre os olhos dele.

Com isso, Jesus desafia a lei da pureza, o veneno que torna cegas as pessoas: primeiro, pegando o cego pela mão, Jesus adquire sua impureza; depois, colocando terra com saliva sobre os olhos do cego, contamina ele com a impureza da saliva. São estes gestos e ações que aproximam as pessoas e eliminam distâncias, derrubam muros e desfazem hierarquias e vão abrindo os olhos dos cegos.

No centro da cena está uma pergunta, dirigida aos discípulos e discípulas de todos os tempos: “Estás vendo alguma coisa?” É claro que essa pergunta não se refere apenas à visão física. A questão mais relevante é ‘como’ vemos as pessoas, acontecimentos e coisas: com um olhar de indiferença, de cobiça, de desprezo, de posse? Ou conseguimos ver em cada pessoa, um irmão ou uma irmã?

E o que vemos quando olhamos para a Igreja? Uma espécie de supermercado religioso, onde vou me servir dos artigos que me interessam, para consumi-los solitariamente, disposto inclusive a pagar para adquiri-los, mas recusando qualquer compromisso? E como vejo o Estado? Como uma caixa-forte à qual sonego o que devo e da qual extraio tudo o que me for possível?

    

Meditação:

·    Releia a cena com a inteligência e o coração, procurando inserir-se nela e interagir com os diversos personagens

·    Será que também nós estamos cegos e surdos, incapazes de ouvir a novidade do Evangelho e de ver as pessoas com o olhar de Deus

·    O que você está vendo de mais verdadeiro e relevante hoje, na Igreja e na sociedade? Você consegue ver os outros como irmãos e próximos, ou os trata apenas como um número ou um atrapalho?

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