Adote um banqueirinho!
No dia 15 de
setembro de 2008 a Bolsa de Nova York foi a pique. Dias históricos, dias
histéricos: os banqueiros, que são os mais perigosos assaltantes de bancos,
haviam despojado suas empresas, embora jamais tenham sido filmados pelas
câmaras de vigilância e nenhum alarme tenha disparado. E não houve maneira de
evitar a derrocada geral. O mundo inteiro desmoronou, e até a Lua teve medo de
perder o emprego a se ver forçada a procurar outro céu.
Os magos de Wall Street, especialistas em vender
castelos no ar, roubaram milhares de casas e de empregos, mas um único
banqueiro foi preso. E quando imploraram aos berros “uma ajudinha pelo amor de
Deus”, receberam, pelo mérito de seu labor, a maior recompensa jamais concedida
na história humana. Esta dinheirama teria bastado para alimentar todos os
famintos do mundo, com sobremesa e tudo, daqui até a eternidade. Ninguém pensou
nisso.
(Eduardo Galeano, Os filhos dos dias, L&PM, 2012,
p. 295)
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