DIA
INTERNACIONAL CONTRA A EXPLORAÇÃO SEXUAL
E O TRÁFICO DE PESSOAS
O dia 23 de
setembro é instituído internacionalmente como o dia de combate à exploração sexual e ao tráfico de
pessoas. Neste dia, em 1913, a Argentina promulgou a “Lei Palácios”, a primeira
lei que punia quem promovesse ou facilitasse a prostituição e a corrupção de
menores de idade. Esta lei inspirou muitos outros países a proteger
mulheres e crianças contra exploração
sexual e o tráfico de pessoas.
A escandalosa organização da rede criminosa do tráfico
de pessoas para fins de exploração sexual, trabalho escravo, comercio de
órgãos, adoção ilegal ou práticas similares, revela a idolatria do sistema
capitalista, que na arte de explorar, escravizar e mercantilizar tudo e todos
em função do lucro, sacrifica vidas inocentes no altar da ganância. São milhares de
crianças, adolescentes, mulheres e homens, vítimas desta abominável prática que
levam no corpo e na alma, duros golpes e profundas cicatrizes físicas, psicológicas
e morais.
Embora os dados disponíveis sejam um tanto
imprecisos, as cifras divulgadas sobre esta prática hedionda
são alarmantes e colocam o tráfico
de pessoas entre as três fontes ilícitas mais rentáveis da economia mundial
(gente, drogas e armas), movimentando exorbitantes quantidades de dinheiro e
utilizando formas sofisticadas de exploração e violência.
Para a Organização
das Nações Unidas (ONU), o número de
pessoas traficadas no planeta atinge a casa dos quatro milhões anuais. E o
Brasil é um dos países campeões no mundo em relação ao fornecimento de pessoas,
particularmente mulheres, para o tráfico internacional. Estima-se que 700 mil mulheres e crianças passam todos os anos pelas
fronteiras internacionais do tráfico humano. É o
País responsável por 15% das pessoas exportadas da América Latina para a Europa.
O Brasil é,
portanto uma nação de origem, trânsito e destino do tráfico de pessoas. Além de
fornecer vítimas para o tráfico internacional, abriga em seu solo, uma infinidade
de rotas e práticas de tráfico interno,
tanto de exploração sexual, como de trabalho escravo rural e urbano. O mapa
deste comércio tem sempre uma constante: as
pessoas traficadas são na sua grande maioria provenientes de regiões pobres e
levadas para as regiões ricas, seduzidas por falsas promessas, que lhes
fazem acreditar na possibilidade de sair das situações de pobreza e
vulnerabilidades e têm os seus sonhos
transformados em pesadelos.
Esta realidade-clamor
constitui uma grave e inaceitável violação dos direitos humanos. Um atentado à
dignidade e integridade das pessoas. Na afirmação do Papa Francisco, “o tráfico de pessoas
é uma atividade ignóbil, uma vergonha para nossas sociedades que afirmam serem
civilizadas. A escravatura mais
extensa neste século vinte e um”. Esta realidade se impõe como um grito, um
apelo, uma provocação à indignação e a
profecia para a igreja e a sociedade.
Atenta e sensível a esta realidade, a Vida Religiosa do Brasil, através da
Rede “Um Grito pela Vida” desde
2006 tem como missão defender a vida, a
dignidade e os direitos das pessoas empobrecidas, em particular das crianças,
adolescentes e mulheres traficadas para fins de exploração sexual.
A Rede “Um Grito pela Vida” é
Intercongregacional. Constituída por
aproximadamente 150 religiosas/os de diversas Regionais e Congregações. Um
espaço de articulação e ação profético-solidária da Vida Religiosa Consagrada do Brasil. É parte
constitutiva da Conferencia dos
Religiosos do Brasil, atua de forma descentralizada e articulada com as
organizações e iniciativas afins, nas diversas localidades, Estados e
Municípios. Integra a “Talitha kum: Rede internacional da Vida Religiosa
Consagrada”.
As religiosas/os que integram a Rede “Um grito pela
Vida” atuam nas diversas regiões do país, articuladas em mais de vinte núcleos,
integradas com as organizações eclesiais e civis, fomentando, promovendo e/ou
participando de atividades e processos de prevenção e assistência e intervenção política, buscando instruir
e instrumentalizar a sociedade a fim de
coibir o crescimento da inserção de vítimas neste mercado do crime.
Para marcar este dia 23 de setembro, dia Internacional
contra a Exploração Sexual e o Tráfico de pessoas, os núcleos da Rede “Um grito
pela Vida”, em parceria com as organizações da sociedade e civil e
governamentais realizam ações de sensibilização, prevenção e mobilização social
e politica de enfrentamento ao trafico de pessoas, nos vários estados e
municípios da federação onde estão presentes.
São atividades diversas: acampamentos nas praças,
blitz informativa, caminhadas, oficinas e encontros formativos, coletivas de
imprensas, cine-fóruns, debates... com o objetivo de dar visibilidade e denunciar esta realidade-desafio que apesar de ser
gravíssima e muito presente, ainda permanece oculta, protegida
e sustentada pelo silencio social e a ineficiência na efetividade das
politicas públicas, das redes de proteção
e das leis de enfrentamento a este crime.
A erradicação desta triste realidade é compromisso de
todas/os nós, que acreditamos na possibilidade de um “outro mundo
possível”, em uma sociedade pautada no direito, na justiça social e na
superação de toda forma de violência, exclusão e tráfico.
Este compromisso “não pode e nem deve ser uma luta
em prol de algumas vítimas desafortunadas do egoísmo humano, mas sim o ponto de partida para repensar as
prioridades que orientam a humanidade,
para redirecionar o caminho do desenvolvimento econômico, para recolocar no
centro da vida de cada pessoa a utopia da fraternidade universal, com
progressiva eliminação de todos os ídolos que exigem sacrifícios humanos”.
Nesta perspectiva, na esperança de seguirmos tecendo
os fios da solidariedade na defesa da vida das pessoas traficadas e ampliarmos,
de forma efetiva, a otimização e articulação de nossos esforços e iniciativas,
em prol de uma sociedade sem tráfico de pessoas.
Contamos com vocês, junte-se a nós! Informe-se,
participe desta luta! Vamos dar um basta a esta realidade que desumaniza e
envergonha nossa humanidade!
Ir. Eurides
Alves de Oliveira, ICM
Denuncie o trafico de Pessoas. Disque 100 ou 180.
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