Independência do Brasil e paz no
mundo
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Dom Braz de Aviz e concelebrantes |
Hoje,
véspera da festa da Independência do
Brasil, centenas de brasileiros e brasileiras residentes em Roma – trabalhadores/as,
religiosos/as, estudantes e diplomatas – se reuniram no Colégio Pio Brasileiro para festejar a Semana da Pátria e os 191
anos da independência do Brasil.
Acolhendo
o apelo dramático do Papa Francisco, que convocou os cristãos e todos os homens
e mulheres de boa vontade a se engajarem numa corrente de pressão pela paz e
contra a intervenção militar na Síria, os promotores do evento – Embaixada do Brasil no Vaticano e Colégio Pio Brasileiro – anteciparam para
hoje a festa, inicialmente prevista para amanhã, 7 de setembro.
O
encontro celebrativo começou com uma missa solene, presidida pelo cardeal
brasileiro Dom João Braz de Aviz, Prefeito
da Congregação para os Religiosos, e concelebrada pelo reitor e pelo
diretor espiritual do Colégio Pio
Brasileiro, respectivamente, Pe. João Roque Rohr sj e Pe. Antônio Régis
Brasil, e por dezenas de outros presbíteros. Em seguida, a Embaixada ofereceu no
local um coquetel a todos os presentes.
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Vista parcial dos participantes da Missa |
Na sua
homilia, Dom João Braz de Aviz começou fazendo memória do evento da
independência administrativa no Brasil, ocorrida num contexto histórico de dependência
política e econômica. Hoje, a independência é relativa, pois vivemos num
contexto de interdependência globalizada. Algumas dívidas sociais contraídas
pelo Estado brasileiro, heranças do período colonial, não foram saldadas pelo
Império nem pela Repbúlica, e esperam pagamento até hoje.
Em
seguida, o Cardeal brasileiro sublinhou alguns aspectos da palavra de Deus
sugerida para a festa. O profeta Isaías (58,6-11) recorda que o que Deus espera
do seu povo é que acabe com as injustiças e com
a opressão, reparta comida com os famintos, dê abrigo para os pobres e
errantes e não se esconda dos necessitados. Eis o caminho prático para reunir
um povo soberano! Eis a razão de ser de um Estado realmente soberano e independente!
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O embaixador do Brasil na Italia e o Pe. J. Roque sj |
À luz do
evangelho de Lucas 22,24-30, o Cardeal Prefeito sublinhou a necessidade imperiosa
de que a Igreja resgate a atitude de Jesus e o ensinamento do Vaticano II: ela é essencialmente povo de Deus, e todos os seus
membros são detentores desta dignidade. Toda diferenciação ulterior é
secundária. E nisso, a postura pessoal do Papa Francisco desafia todos os que
detêm autoridade na Igreja: não há excelência, reverência ou eminência fora do
serviço verdadeiro e efetivo ao povo, fora do empenho para que sua dignidade
inalienável seja reconhecida e respeitada. É mais que tempo de abandonar
títulos, honrarias, privilégios e pratarias.
Recitamos
também os belos versos do Salmo 84/85: “Ouvirei o que diz o Senhor Deus: ele
anuncia paz para o seu povo, para seus fiéis, para quem volta para ele de todo
o coração. Misericórdia e verdade se encontram, justiça e paz se abraçam. A
verdade brota da terra e a justiça se inclina do céu.” Estes versos proféticos
nos ajudaram a sintonizar com o movimento convocado para o dia de amanhã, em
Roma. Quem dera que a paz e a justiça se abracem em toda a terra...
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Dom Braz de Aviz e o Embaixador do Brasil no Vaticano |
De fato,
o espectro de mais uma intervenção militar, cinicamente deflagrada em nome da
paz e dos direitos humanos por algumas potências ocidentais, sem nenhuma
autorização da ONU, ronda o Oriente Médio e a Europa. A punição por causa do
suposto uso de armas químicas é uma desculpa esfarrapada para outros
interesses, pois estes mesmos países se fizeram de cegos diante do uso destas armas
por outros países alguns anos atrás.
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Um brinde à Paz |
Assim, os
brasileiros/as em Roma estão aderindo ao chamado do Papa Francisco e se engajam
na jornada de jejum e oração pela paz no mundo e contra a intervenção militar
na Síria. No hino nacional cantamos, meio inconscientes, que queremos “paz no
futuro” porque já temos “glórias no passado”. Sem questionar o passado do nosso
país, cremos que a paz é urgência no presente, e um dom não exclusivo ao povo
brasileiro. Como não existe paz sem justiça, também não se é livre um povo que
não se importa como os demais povos, ou os considera inimigos.
Itacir
Brassiani msf
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