O inventor das guerras preventivas
No dia 2 de
setembro de 1939, Hitler invadiu a Polônia porque a Polônia ia invadir a
Alemanha.Enquanto um milhão e meio de soldados alemães se derramavam no mapa
polaco e uma chuva de bombas caía dos aviões, Hitler expunha sua doutrina das
guerras preventivas: é melhor prevenir do que remediar, eu mato antes que me
matem.
Um ano depois da invasão da Polônia, Hitler continuou
seu avanço desenfreado, e estava devorando meia Europa. Já tinham caído, ou
estavam para cair, a Áustria, a Tchecoslováquia, a Finlândia, a Noruega, a
Dinamarca, a Holanda, a Bélgica e a França, e já tinham começado os bombardeios
noturnos contra Londres e outras cidades britânicas.
Na sua edição de 3 de setembro de 1940, o jornal
espanhol ABC informava que haviam sido derrubados “cento e dezesseis
aviões inimigos” e não ocultava sua satisfação diante “do grande êxito dos
ataques do Reich”. Na capa do jornal sorria, triunfante, o generalíssimo
Francisco Franco. A gratidão era uma das suas virtudes.
Hitler fez escola. A partir de então, todas as guerras
digestivas, países que comem países, se dizem guerras preventivas.
(Eduardo Galeano, Os filhos dos dias, L&PM, 2012,
p. 282-283)
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