O filho de Somoza
Anastasio Somoza |
Um avião norte-americano leva o moribundo Anastasio Somoza para um hospital
norte-americano, na zona norte-americana do Canal do Panamá, e em leito
norte-americano ele morre. Depois o enterram na Nicarágua, com as honras de
Príncipe da Igreja.
Somoza estava havia vinte anos no poder. A cada seis
anos levantava por um dia o estado de
sítio e celebrava eleições que o confirmavam no trono. Luís, o filho mais
velho, o herdeiro, é agora o homem mais poderoso e rico da América Central. O
presidente Eisenhower o felicita, de Washington.
Luis Somoza |
Burlando a vigilância da guarda de honra, a mão de
alguém, mão de todos, rabiscou apressada este epitáfio sobre o mármore da
tumba: “Aqui jaz Somoza, um pouco mais
podre que em vida”.
(Eduardo Galeano, O século do vento (Memórias do Fogo,
vol. I), L&PM, 2010, p. 222)
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