Nada de novo havia na escravidão hereditária, que
vinha dos tempos da Grécia e de Roma. Mas a Europa contribuiu, a partir do Renascimento,
com algumas novidades: nunca antes havia sido determinada a escravidão a partir
da cor da pele, e nunca antes a venda de carne humana tinha sido o mais
brilhante negócio internacional.
Durante os séculos XVI, XVII e XVIII, a África vendia
escravos e comprava fuzis: trocava braços por violência. Depois, durante os
séculos XIX e XX, a África entregava ouro, dimantes, cobre, marfim, borracha e
café e recebia Bíblias: trocava a riqueza da terra pela promessa do Céu.
(Eduardo Galeano, Espelhos, L&PM, 2008, p. 148)
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