Fim da escravidão negra nos EUA
Abraham Lincoln, eleito em 1861, foi o 16° presidente dos Estados Unidos da
América. Ele havia assumiudo a liderança da região Norte na guerra da secessão
e, com sua posse, os onze estados do Sul se retiraram da Federação, o que
acabou dando início à guerra civil.
O decreto de Lincoln |
Em 22 de setembro de 1862, Abraham
Lincoln publicou o documento que concedia liberdade preliminar aos escravos dos
estados confederados (que entraria em vigor no dia 1° de janeiro de 1863). Essa
decisão deu um novo rumo à guerra e abriu as portas para a abolição da
escravidão em todo o país.
Às
vésperas da Guerra de Secessão, 8 milhões de brancos e 4 milhões de negros
(inclusive cerca de 500 mil livres) viviam no sul dos EUA, particularmente
ligados à cultura do algodão. A discriminação racial era justificada pela
crença na suposta desigualdade entre os seres humanos.
Teria sido esta uma repentina recaída humanista do presidente? Parece que
este passo fazia parte de uma estratégia militar: Lincoln esperava, com isso,
motivar os escravos da Confederação a apoiar sua luta pela união dos Estados
Unidos. Lincoln
dizia: "Se eu pudesse salvar a União sem libertar um único escravo, eu o
faria". Ao ver que os nortistas não conquistavam vitórias decisivas,
Lincoln aderiu às reivindicações dos abolicionistas, e transformou a guerra
contra os estados rebeldes numa luta contra a escravidão.
Mesmo com muitos limites, esta medida teve muitas consequências pois, a
cada avanço das tropas federais, correspondia à expansão da liberdade para os
escravos. No final da guerra, eram mais de duzentos mil os soldados e marinheiros
negros que haviam lutado pela própria liberdade.
Mas
Lincoln temia que a medida fosse vista apenas como temporária, porque fora adotada
em plena Guerra Civil. Desse modo, para libertá-los nos estados em que a
escravidão ainda era considerada legal, Lincoln apoiou abertamente a emenda constitucional
de 18 de dezembro de 1865 como meio de garantir a permanente abolição da
escravatura.
Pelo
artigo suplementar 14, de 1868, os negros obtiveram, ao menos formalmente,
direitos iguais aos brancos. Dois anos mais tarde, o artigo 15 garantiu a
igualdade de direito eleitoral. Porém, os estados como Carolina do Sul,
Mississípi e Luisiana, deram um jeito de burlar os direitos dos escravos libertos,
mantendo algumas restrições legais.
A
emancipação de Lincoln não conseguiu acabar com a humilhação dos negros, e não
impediu a violência contra os afro-americanos. Ao contrário: motivou a criação
de sociedades secretas, como a Ku Klux
Klan, cujo objetivo era manter a hegemonia branca no Sul. Uma prova do
relativo sucesso dessas organizações é que somente em 1967 foram anuladas as
últimas leis de proibição de casamentos mistos.
Martin Luther King |
É claro
que estas medidas jurídicas, por mais importantes que tenham sido, não significaram a emancipação dos negros e sua integração plena na sociedade
norte-americana. Cem anos depois, Martin Luther King declararia: "Não
haverá tranquilidade nem sossego nos EUA enquanto o negro não tiver garantidos
os seus direitos de cidadão. Enquanto não chegar o radiante dia da justiça. A
luta dos negros por liberdade e igualdade de direitos ainda está longe do
fim".
Sinais
de racismo persistem até os nossos dias, segundo Martin Luther King III, filho
do líder assassinado: "Naturalmente, hoje temos liberdade de opinião,
imprensa e religião. Mas algumas outras liberdades faltam. Basta pensar, por
exemplo, nos altos escalões empresariais, claramente dominados por homens
brancos”.
As
tensões sociais continuam, a população das prisões norte-americanas é
esmagadoramente negra, organizações racistas ainda agem (principalmente no sul
do país) e atos de agressão policial são especialmente violenta contra os
negros - tudo isto apesar da recente eleição de um presidente afro-descendente.
Itacir Brassiani msf
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