345 | Ano B | 6ª Semana da Páscoa | Sexta-feira | João
16,20-23
10/05/2024
Estamos nos
encaminhando para o fim do diálogo catequético e exortativo de Jesus com seus
discípulos, na sequência da ceia de despedida e pouco antes de ser preso. O texto de hoje começa retomando o último
versículo de ontem, e desenvolve o mesmo tema da mudança da tristeza em
alegria, agora recorrendo à bela metáfora do parto. O tema desenvolve o
contraste entre a situação momentânea da comunidade dos/as discípulos/as e o
mundo e, ao mesmo tempo, apresenta a mudança radical da situação no horizonte
da fé.
A imagem da
mulher em trabalho de parto nos remete a Eva, a mãe dos viventes, ao povo de
Deus, cuja relação com Deus era frequentemente comparada à relação conjugal, e
à humanidade, da qual Jesus se apresenta como esposo, nas bodas de Caná. A
referência à angústia, à tristeza e aos apuros nos remete a uma situação de
perseguição social, mas, com a imagem da mulher em trabalho de parto, acena
também para o mistério do nascimento da nova humanidade, de homens e mulheres
novos.
A metáfora do
grão de trigo, que cai na terra, morre, germina e se transforma em muitos, pode
completar a analogia do parto. Ambas as imagens nos fazem imaginar a saída de
uma situação de opressão ou grande limitação e o nascimento de um povo novo,
livre e autônomo. É através da entrega generosa e incondicional de si mesmo que
o ser humano chega à sua plena realização, ou seja, nasce realmente.
Entregando-se, Jesus não deixa de ser humano, mas, ao contrário, torna-se
plenamente humano.
Como a semente de
trigo e a alegria da mãe ao tomar nos braços seu filho recém-nascido, a
comunidade cristã experimentará uma alegria profunda e plena na experiência do
recebimento do Espírito, que a defende nas perseguições e a conserva na
fidelidade. À luz dessa experiência, a comunidade dos discípulos e discípulas
compreenderá tudo o que aconteceu com Jesus e com ela mesma, e superará a
confusão e as dúvidas. Então, diz Jesus, a alegria será permanente, pois a vitória
final está assegurada. Mas esta vitória sobre as forças do mundo será aquela
que ele mesmo consolidou: a vitória da cruz. Ele voltará a ver seus discípulos
e a conviver com eles.
Meditação:
· Coloque-se em meio aos discípulos, perturbados a traição que se
desenhava, com a partida próxima de Jesus e com o anúncio da oposição que
sofreriam para continuar sua missão
· Tente interagir com os discípulos, observando a confusão e o
medo que eles vivem e não conseguem enfrentar
· Tome consciência das resistências, oposições e perseguições que
os cristãos coerentes e os humanistas e democratas vêm enfrentando nesse grave
momento da conjuntura política nacional e internacional
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