domingo, 19 de maio de 2024

A luz do Evangelho em nossa vida (355)

355 | Ano B | Memória de Maria, Mãe da Igreja | João 19,25-34

20/05/2024

Com a solenidade de Pentecostes havíamos concluído nosso caminho com o Evangelho de João. Mas hoje, em vista da memória litúrgica de “Maria, mãe da Igreja”, continuamos com ele. Esta memória nos sugere duas coisas: que Maria estava presente no cenáculo, quando da vinda do Espírito Santo, e também é dinamizada por ele; precisamos fazer uma interpretação mariana dessa cena localizada no relato da paixão e morte de Jesus.

Segundo João, no momento da paixão no Calvário, a mãe de Jesus, Maria Madalena e o discípulo amado estão de pé, diante da cruz de Jesus. Jesus os vê, e faz uma dupla declaração, que é também um duplo pedido: “Mulher, este é teu filho!” “Esta é tua mãe!” No alto do calvário, diante da expressão máxima do amor de Deus por nós, Jesus nos entrega Maria como mãe dos/as que creem, mãe da Igreja. E nos convida a levá-la conosco, como a discípula primeira e fiel. Nasce aqui uma Nova Família, semente de uma Nova Humanidade.

É interessante notar que o texto original não fala da “mãe de Jesus”. O evangelista a apresenta apenas como “mulher” e “mãe”. Ela representa o antigo Povo de Deus, do qual procede Jesus e a primeira comunidade de discípulos/as. Ela é convidada a fazer a passagem, reconhecendo e aceitando o Novo Povo de Deus nascido da nova aliança. E o discípulo amado, que representa o discipulado fiel e perseverante, tijolo vivo na construção do templo de Deus, é convidado a reconhecer suas raízes e a protegê-las.

Na sequência, Jesus diz que tem sede. É um novo pedido de acolhida. Os representantes do judaísmo não têm água, nem vinho (amor, acolhida), mas somente vinagre (ódio). Aceitando, sem revidar, mais este gesto de fechamento e violência, Jesus pode dizer que consumou a demonstração do amor do Pai pelo mundo e, em si mesmo, arrematou ou deu o toque final à criação do Homem e da Mulher Novos, iniciada no Gênesis.

Do corte que o soldado faz no corpo de Jesus com sua espada escorre sangue (o amor generoso e fecundo) e água (o Espírito que gera a Igreja). Isso não nos vem de Maria, mas do Filho que ela entrega a nós como Mãe. Neste sentido, ela é mãe da comunidade dos/as discípulos/as, mãe dos/as crentes. É isso se revela na sua presença no cenáculo, no dia de pentecostes.

 

Meditação:

·    Situe-se no Calvário, aos pés da cruz, com Jesus, sua mãe, Maria Madalena e o discípulo amigo e fiel

·    Permita que ressoem em você as densas e ternas palavras de Jesus: “Este é teu filho! Esta é tua mãe! Tenho sede! Tudo está consumado!”

·    Acolha Maria como a mãe querida que Jesus partilha conosco e pede que levemos para nossa casa

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