O verdadeiro discípulo de Jesus não cobra créditos nem reivindica
méritos! | 363 | 28.05.24 | Mc 10,28-31
Continuamos com o evangelho segundo
Marcos. Os versículos de hoje estão situados após a cena da deserção do homem
rico diante das exigências de Jesus para ser seu discípulo. Ele sente-se bom e
irrepreensível, um ‘homem de bem’ como se diz hoje, e volta à sua casa
desiludido. Diante das palavras e atitudes daquele homem, Jesus desabafa: que
um rico aceite seu caminho é tão raro como um camelo passar pelo buraco de uma
agulha!
Os discípulos reagiram à comparação
de Jesus, pois pensavam que se os ricos não estão mais perto de Deus, o que
dizer então dos doentes, dos pobres e dos estrangeiros, que eles tratam como
‘sujeitos suspeitos’? Mas, aquilo que para muitos parece impossível, para Deus
é absolutamente normal: a riqueza dos ricos não é bênção de Deus, e a
prosperidade não é sinal de fidelidade; no reino de Deus e no coração do Deus
do Reino, os pobres estão no centro!
É neste contexto que Pedro toma a Palavra
e apresenta a Jesus um fato: aquilo que o jovem rico e sua classe não quisera
fazer, os discípulos o fizeram, livremente ou em consequência das perseguições.
Eles deixaram os bens e seguiram Jesus, em busca de um bem maior, do único bem:
do reino de Deus. Pedro apenas constata, mas parece também “cobrar a conta”,
pois ele e seus companheiros ainda não haviam provado a vida eterna, apenas
incompreensões.
Jesus responde solenemente,
sublinhando que o retorno prometido estava assegurado, mas em dois tempos:
agora, durante esta vida; no mundo futuro. Agora, quem relativizou tudo pelo
absoluto do Reino de Deus no caminho de Jesus, já recebe 100 vezes mais em
termos de hospitalidade, ajuda, companheiros e apoiadores mediante a
fraternidade e a partilha comunitária. Mas isso sempre em meio às perseguições,
próprias do/a discípulo/a no mundo.
No Reino de Deus plenamente realizado, que começa aqui,
mas aqui não chega ao seu termo, está assegurada uma vida densa e intensa em
termos de dinamismo e de sentido, uma vida que desborda a história e avança
para a eternidade. Com o olhar fixo no “mundo futuro”, o/a discípulo de Jesus é
convidado/a e ver já “agora” os frutos da sua entrega: os benefícios da vida em
comum, que são os irmãos e irmãs, os bem partilhados, um futuro de esperança.
Meditação:
·
Recomponha
a cena, relendo os versos 15 a 27, que relatam o encontro de Jesus com as
criancinhas e, depois, com o jovem rico
·
Observe
a reação dos discípulos, especialmente do homem que se apresentou como
candidato a discípulo
·
Será
que não corremos o risco de nos apresentar diante de Deus ostentando nossos
méritos, em consciência daquilo que nos falta?
·
Conseguimos
perceber que tudo aquilo do que abrimos mão nos havia sido dado, e que tudo o
que temos pertence a todos?
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