sábado, 18 de maio de 2024

A luz do Evangelho em nossa vida (354)

354 | Ano B | Solenidade de Pentecostes | João 20,19-23

19/05/2024

Estamos habituados a situar o acontecimento de pentecostes cristão cinquenta dias após a ressurreição de Jesus. Segundo o evangelho de João, este evento que mudou radicalmente a atitude dos discípulos teria acontecido na noite que se seguiu à ressurreição. A liturgia cristã une estas duas perspectivas, entendendo a páscoa como um acontecimento processual que inicia na ressurreição de Jesus e culmina no envio do Espírito Santo.

O trecho do evangelho de hoje está situado exatamente no início desse movimento progressivo. Quando tudo parecia definitivamente sepultado, acabado e imutável (“fechado”), Jesus irrompe em meio aos discípulos aterrados de medo e instaura a paz. É este encontro e esta palavra, e não apenas o sepulcro vazio, que provoca a mudança que todos/as conhecemos. Jesus não está fora, acima ou indiferente a eles, mas no meio deles.

A harmonia plena e o bem-estar total que Jesus deseja e transparece na saudação não é uma palavra vazia, nem uma ordem penosa: é um dinamismo que toma conta dos discípulos mediante o sopro de Jesus. Trata-se do mesmo sopro do Criador, quando moldou o ser humano do pó da terra. Sem esse sopro, o ser humano e o discípulo não passa de pó indefinido e de barro informe.

Entretanto, para não eixar dúvidas e não induzir à confusão, soprando, Jesus fala, explicita o significado do seu gesto. Trata-se do dom do Espírito Santo, do dom da fortaleza e fidelidade missionária: “Como o pai me enviou, também vos envio”. Jesus não institui um ministério ou sacramento, nem constituiu um colegiado, mas convoca e envia em missão. Com a força do Espírito, a paz experimentada no cenáculo não pode reter ninguém.

A quem e a fazer o quê são enviados os discípulos? Como Jesus, são enviados aos pecadores/as, às ovelhas perdidas, às vítimas das relações violentas e agressivas, para abrir-lhes as portas da graça, para acolhê-los como irmãos e filhos/as amados/as do Pai. É isso que significa “tirar (ou carregar) o pecado do mundo”. O Espírito não nos torna simples confessores, mas pessoas novas e solidárias, capazes de clamar por socorre e de estender as mãos com amor.

 

Meditação:

·    Situe-se no cenáculo fechado, entre os discípulos medrosos e envergonhados pela deserção diante da prisão de Jesus

·    Acolha e deixe ressoar as palavras de Jesus, deixe que o Sopro de Deus insufle vida em sua vida, missão em sua acomodação, unidade na diversidade

·    Acolha confiante e agradecido/a o mandato missionário de Jesus: Assim como o Pai me enviou, eu envio você!

·    Perceba com eles a presença inesperada, misteriosa e pacificadora de Jesus crucificado e ressuscitado

Nenhum comentário: